Resumo

No mundo “VUCA” atual, empreendedores precisaram deixar o modelo de negócios tradicional e adotar modelos que permitem adaptação às mudanças e rápida inovação. Assim o Lean Startup (LS) tem atraído o interesse de muitos empreendedores em sua busca por maneiras de aumentar a produtividade, qualidade do produto e satisfação do cliente. O LS fornece ferramentas para diminuir os ciclos de desenvolvimento de produtos, criando hipóteses e experimentos por meio de um processo iterativo e de aprendizado. Com o LS, os processos não serão corrigidos, mas serão o resultado de testes e análise de dados.

Apesar da força do Lean Startup, há evidências de que os estudos sobre a aplicabilidade e eficácia da abordagem são escassos. Autores perceberam que a relevância acadêmica do LS é recebida com ceticismo entre os estudiosos. Há muitos apelos na literatura para estudar a sua aplicação além do contexto digital e para o desenvolvimento de pesquisas com análises críticas ao LS. Assim, este estudo objetiva, através de uma Revisão Sistemática da Literatura, entender a evolução das pesquisas sobre Lean Startup com foco específico nas barreiras enfrentadas na implantação do LS nos diversos contextos.

O Lean é um sistema que visa a eliminação do desperdício, originário do Sistema Toyota de Produção (WOMACK; JONES, 1990). Hines et al. (2008) definiu cinco pilares para a sustentabilidade do Lean: Estratégia e alinhamento, Liderança, Comportamento e Engajamento, Processos e Ferramentas e Tecnologia. O Lean Startup foi apresentado por Eric Ries (2011), definido como “um conjunto de práticas para ajudar empreendedores a aumentar suas chances de construir uma startup de sucesso”. Entretanto, autores apontam dificuldades em implementar o LS e apresentam casos de insucesso.

Na RSL, foram encontrados 9 artigos que trazem barreiras à implantação do LS, demonstrando a necessidade de pesquisas no tema, que teve a primeira publicação em 2017. As ferramentas de maior destaque foram o Mínimo Produto Viável e o loop Construir-Medir-Aprender. Foram mapeadas 20 barreiras relacionadas à implantação do LS, somando 65 citações, as quais foram classificadas segundo os 5 pilares do Lean apresentados por Hines et al. (2008). Neste trabalho, foi adicionada uma sexta categoria, Contexto, para agrupar barreiras relacionadas às especificidades de implantação em startups.

Este estudo encontrou destaque para barreiras do uso de ferramentas do LS, por ser uma metodologia que depende da iteração, tecnologia para análise e coleta de dados e contato com clientes. Foram identificadas relevantes barreiras comportamentais e de engajamento, pelo LS demandar mudanças culturais, sendo necessária grande liberdade para usar as ferramentas, testar iterativamente, pivotar e aproveitar o feedback dos clientes. Autores relataram dificuldades relacionadas ao contexto de startups, com dificuldades de financiamento e de participação dos clientes em casos de grande inovação.

HINES, Peter et al. Staying Lean: Thriving. Not Just Surviving, Lean Enterprise Research Centre, Cardiff University, Cardiff, 2008. REIS, Eric. The lean startup. New York: Crown Business, v. 27, p. 2016-2020, 2011. WOMACK, James P.; JONES, Daniel T. Beyond Toyota: how to root out waste and pursue perfection. Harvard Business Review, v. 74, n. 5, p. 140-172, 1996.