Resumo

O Brasil enfrenta críticas constates quanto ao uso de recursos naturais e dos impactos ao meio ambiente resultantes de sua atividade agrícola. Neste sentido, o mercado de capitais, importante instrumento de financiamento privado, vem desenvolvendo produtos com foco no agronegócio e promovendo a agricultura sustentável com base em uma análise de investimento em práticas ESG, alinhadas com as ODS. Pergunta de pesquisa: como os fundos de investimentos, sob análise de investimentos responsáveis que considera os princípios ESG, estão inserindo o agronegócio em seus portfólios de investimentos?

A agricultura brasileira está envolvida em vários riscos e oportunidades relacionados a investimentos ambientais, sociais e de governança (ESG). As iniciativas de investimento responsável, adotadas pelas bolsas de valores e seguidas pelos fundos de investimentos brasileiros, estão servindo de instrumento de fomento ao setor. Porém, não está claro como os fundos de investimentos, sob a ótica do investimento responsável/ESG, está inserindo o agronegócio em seus portfólios. Logo, o objetivo é analisar como as gestoras estão realizando os investimentos no agronegócio, com base princípios ESG.

Teoria da agência: Jensen e Meckling (1976) definem a relação de agência como um contrato pelo qual uma ou mais pessoas (Principal) empregam uma outra (Agente) para executar em seu nome um serviço que implique a delegação de algum poder de decisão ao agente. Porém, nem sempre o Agente agirá de acordo com os interesses do Principal. Teoria dos Stakeholders: O objetivo da empresa é coordenar os interesses dos Stakeholders, deste modo empresa consegue alcançar seus objetivos e se manter competitiva no ambiente de negócios (Freeman, 1984)

A abordagem caracteriza-se por ser qualitativa exploratória associada ao método de pesquisa de múltiplos casos. Pelo fato de serem produtos ainda recentes no mercado de capitais, a abordagem qualitativa associada ao método de estudo de caso permite investigar um fenômeno contemporâneo dentro do contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente delimitados. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas de modo on-line e análise de documentos.

Este trabalho teve como principal objetivo analisar como os fundos de investimento estão inserindo o agronegócio em seu portfólio de investimentos em relação aos princípios Environmental, Social and Governance (ESG). Observou-se que os fundos de investimentos no Brasil estão buscando novas formas de inserção do setor no mercado financeiro, para além da alocação exclusivamente em ações, investindo no recurso mais essencial da atividade agrícola: a terra

As principais conclusões foram: (1) há um grande poder de crescimento do agronegócio em diferentes formas de financiamento por intermédio do mercado de capitais; (2) o ESG será uma valiosa ferramenta de melhorias em lacunas presentes no setor; (3) é necessário o desenvolvimento de um framework ESG destinado ao setor do agronegócio, enfatizando questões de prioridade na agenda sustentável do setor; e (4) o desafio do agronegócio está em comunicar ao mundo que é possível produzir (e que produzimos) de forma sustentável.

BOAVENTURA, João Maurício Gama; CARDOSO, Fernando Rodrigues; SILVA, Edison Simoni da; SILVA, Ralph Santos da. Teoria dos Stakeholders e Teoria da Firma: um estudo sobre a hierarquização das funções-objetivo em empresas brasileiras. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 11 n.32, 2009 JENSEN, Michael C.; MECKLING, William H. Theory of the firm: Managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, vol. 3 n. 4, 1976. PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT (PRI). The Sustainable Stock Exchanges (SSE) initiative, 2015