Resumo

Título do Artigo

Escrevivendo caminhos “In”visibilizados e Silenciados nos Espaços Contábeis
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Palavras Chave

escrevivência
mulher preta
ciências contábeis

Área

Gestão de Pessoas

Tema

As faces da Diversidade

Autores

Nome
1 - YNIS CRISTINE DE SANTANA MARTINS LINO FERREIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA (UFRA) - Icibe

Reumo

Aviso aos leitores que esta é uma leitura que não segue ao convencionalismo, nem tão pouco pretende seguir as normas instituídas por padrões, porém, deixo explícito que a cientificidade exigida pela academia e pelo fazer científico-docente está presente. Para se construir conhecimento é preciso ressignificar e há muitas formas de escrever. Assim, a minha proposta é a partir da perspectiva de uma pesquisadora com lugar de fala expor experiências enquanto sujeito com saberes e protagonismo.
Para isso, utilizarei Conceição Evaristo e suas escrevivências acerca de uma realidade não notada ou discutida com intensidade pelas Ciências Contábeis que é o atravessamento entre racismo. Portanto, digo ao leitor que esse artigo é mais uma rasura ou uma lacuna. Não se pretende chegar à resolução de uma problemática de pesquisa, mas levantar a importância de discussão do tema. Convido à leitura e aviso que ao final existirão bem mais perguntas para pesquisas futuras e insights para desenvolvimento de políticas públicas ou estratégias organizacionais do que respostas para o presente.
No Brasil as dinâmicas profissionais, no caso deste trabalho, as contábeis, ainda são permeadas por um grande leque de desigualdades, as quais exigem políticas de diversidade (Anjos et al., 2022). As mulheres pretas vivenciam a academia de uma perspectiva diferente, pois suas condições de vulnerabilidade socioeconômica e hipossuficiência fazem com que não desfrutem das mesmas oportunidades que outros acadêmicos de pós-graduação, sendo a bolsa de estudos necessária não somente para manutenção dos estudos, mas para sobrevivência (Costanzim & Mesquita, 2021).
Escrevivência enquanto método. Conceição Evaristo em diversos depoimentos expõe sobre a importância da obra de Carolina Maria de Jesus, uma mulher da favela, a qual criou uma tradição literária que exerceu sobre ela e sua mãe a influência de uma escrita, na forma de diário, sobre o cotidiano e a miséria enfrentadas por elas, pois a história de Carolina era a história delas (Machado, 2014). Dessa forma, utilizei Conceição Evaristo e suas escrevivências acerca de uma realidade não notada ou discutida com intensidade pelas Ciências Contábeis que é o atravessamento entre racismo.
Eu fui em um evento de Contabilidade e, ao adentar no auditório para ter certeza que iria para palestra correta, perguntei se era ali que ocorreria. Com um sorriso nos lábios, a pessoa que estava no credenciamento, depois de passar uma vista pelo o meu turbante, me advertiu: É sim, mas é uma palestra para os profissionais de contabilidade. Eu agradeci pela informação, adentrei no auditório e sentei na primeira fila. E essas mínimas coisas vão veladamente dizendo “seu lugar não é aqui”....
As vivências de mulheres pretas apontam situações de racismo muitas vezes velado e outras de maneira mais ostensiva. Vislumbra-se a necessidade de mudança institucional estrutural para repensar a questão racial, não apenas por políticas de cotas, mas sobretudo por criação de espaços democráticos de discussão e debates (Machado et al., 2021) e construção de políticas intersetoriais e intersecionais.
Almeida, S. L. (2019). Racismo estrutural. São Paulo: Pólen. Anjos, L. G. S. D., Furtado, P. M. L., Silva, S. M. C., Sauerbronn, F. F., Nova, S. P. C. C. & Cruz, C. F. (2023). Um Retrato da Desigualdade Racial no Mercado Contábil Produzido pela Ótica das Mulheres Negras do Rio de Janeiro. Pensar Contábil, 25(86), 4-15. Costanzi, C. G. & Mesquita, J. S. (2021). São Essas Mínimas Coisas do Dia a Dia que Vão te Colocando no seu Lugar, Sabe, que Não É Ali: O Cotidiano de Pesquisadoras Negras no Contexto Acadêmico da Administração. Gestão & Conexões, 10(2), 122-144