Resumo

Na tentativa de atrair um “público verde” preocupado com o meio ambiente, as empresas vêm usando alegações que parecem ambientalmente amigáveis, mas que são na verdade vagas e, por vezes, falsas, o que tem gerado um questionamento por parte dos consumidores sobre a honestidade corporativa e uma desconfiança no investidor de empresas ecologicamente corretas (FURLOW, 2010). Essa prática é conhecida como greenwashing, e a discussão em torno dela é recente na literatura.

Dado o aumento da preocupação pública com o greenwashing, a pesquisa acadêmica também cresceu. Desta forma, a presente pesquisa busca responder o seguinte questionamento: Qual o estado da arte da produção científica internacional acerca do tema greenwashing? O objetivo geral do estudo é investigar o estado da arte da produção científica internacional acerca do tema greenwashing.

O termo “greenwashing”, embora não tenha uma tradução direta para o português, pode ser interpretado como "dar um banho de tinta verde", ou seja, fazer algo aparentar um falso aspecto “ecológico” ou até mesmo uma falsa preocupação ambiental (PAGOTTO; CARVALHO, 2020). Vários autores têm buscado definir o termo, mas segundo Seele e Gatti (2017), o conceito é definido e interpretado de maneiras diferentes, uma vez que estudiosos e especialistas internacionais encontraram diferentes definições em diversas áreas, considerando a natureza interdisciplinar do tema.

Esta pesquisa é caracterizada como descritiva, de natureza documental e bibliométrica, e adota uma abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada na base de dados Web of Science, abrangendo o período de 2004 a 2023, até a data de coleta dos artigos em 08 de maio de 2023. Utilizando os termos de busca "Greenwashing", "Greenwash", "Green wash" e "Green washing", foram obtidos 744 resultados. Em seguida, aplicaram-se filtros de período de 2004 a 2023 (20 anos), e selecionando apenas artigos como tipo de documento. Após a filtragem, obteve-se uma amostra de 638 artigos.

Observou-se que os últimos três anos (2021, 2022 e 2023 até maio) foram os mais relevantes para a pesquisa sobre greenwashing, concentrando mais da metade das publicações totais. Destaca-se a baixa média de publicação por autor, corroborado pela Lei de Lotka que revela uma concentração significativa de autores com apenas uma publicação. Notou-se uma predominância de publicações dos Estados Unidos e da China. Ainda, foi evidenciado que as temáticas de sustentabilidade e de Responsabilidade Social Corporativa são construtos basilares.

O estudo evidenciou a contemporaneidade e a crescente relevância das pesquisas sobre greenwashing, considerando o estágio inicial de desenvolvimento desse campo de estudo. Concluiu-se que estudos sobre a temática são mais prevalentes em nações de maior desenvolvimento socioeconômico. Adicionalmente, constatou-se que o conceito de greenwashing está se expandindo além da sua conotação puramente ambiental, e atualmente vem englobando uma abordagem holística que considera tanto as dimensões ESG (Ambiental, Social e Governança) quanto a economia circular, bem como outros aspectos.

FURLOW, N. E. Greenwashing in the new millennium. The Journal of Applied Business and Economics, v. 10, n. 6, p. 22-25, 2010. PAGOTTO, E. L.; CARVALHO, M. B. DE. Natureza à venda: da ecopornografia a um modelo compreensivo de indicadores de greenwashing. Scripta Nova: Revista Electronica de Geografia y Ciencias Sociales, v. 24, n. 631 p. 01-31, 2020. SEELE, P.; GATTI, L. Greenwashing revisited: in search of a typology and accusation‐based definition incorporating legitimacy strategies. Business Strategy and the Environment, v. 26, n. 2, p. 239-252, 2017.