Resumo

Para analisar os encontros entre as pessoas faz-se necessário ir mais além, nos domínios social e comercial, ambientes inóspitos e, às vezes, hostis. Com base nisso, ressalta-se a análise de Camargo (2015) que sinaliza a sociedade contemporânea com dificuldades em concretizar vínculos sociais duradouros, indo ao encontro dos estudos de Bauman (2007) sobre as transformações sociais no mundo da fase “sólida” para a fase “líquida”. Porém, a Hospitalidade segue como mediadora das relações entre as pessoas e, delas, com as organizações.

identificar ações que podem ser aceitas como manifestação de meta-hospitalidade a partir da análise de dados empíricos integrantes de duas pesquisas distintas de tese de doutorado do programa de pós-graduação em Hospitalidade de uma mesma instituição de ensino superior.

Lugosi (2008, p. 4) traz para a discussão, no âmbito da Hospitalidade, “os estados temporários de mutualidade que são diferentes das manifestações racionais de hospitalidade”, inserindo nos estudos das relações hospitaleiras o conceito de meta-hospitalidade. Isso para aprimorar as diferenças existentes nos encontros hospitaleiros que são observados nas experiências vivenciadas nos ambientes comerciais. Para o autor, a meta-hospitalidade não se prende somente nas relações de anfitrião-hóspede ou provedor-cliente e, sim, na inversão de papéis momentânea que pode ocorrer em determinadas situações

Trata-se, portanto, de um estudo de casos múltiplos (Yin, 2017) de cunho qualitativo, que para a análise dos dados, reconhecidos aqui como secundários, utilizou-se como técnica de tratamento de dados a Análise de Conteúdo, sob a perspectiva de Bardin (1977).

Identificou-se em ambas as teses analisadas ações que podem ser entendidas como ocorrências da meta-hospitalidade. Tanto na tese ‘A’ quanto na tese ‘B’ os relatos apresentaram experiências e lembranças envoltas não somente pela hospitabilidade e pelas emoções, destacando-se dentre aquelas retidas na memória dos entrevistados: a tristeza, a satisfação, o medo, a raiva, a ansiedade, a alegria, o estranhamento e a felicidade. Depreende-se, portanto, como meta-hospitalidade o acolhimento das emoções, sentimentos e afetos, as trocas emocionais e de papéis entre anfitriões e hóspedes.

Supõe-se que a meta-hospitalidade seja mais aparente e interessante em culturas onde as emoções sejam mais evidentes e externadas, por isso mesmo, instigante para investigação por pesquisadores brasileiros.

Lugosi, P. (2008). Hospitality spaces, hospitable moments: Consumer encounters and affective experiences in commercial settings. Journal of Foodservice, 19(2), 139-149. Lugosi, P. (2009). The production of hospitable space: Commercial propositions and consumer co-creation in a bar operation. Space and Culture, 12(4), 396-411. Poulston, J. (2015). Expressive labour and the gift of hospitality. Hospitality & Society, 5(2), 145-165. Godovykh, M., & Tasci, A. D. (2022). Emotions, feelings, and moods in tourism and hospitality research: Conceptual and methodological differences. Tourism and Hosp