Resumo

Título do Artigo

PRÁTICAS QUE MOLDAM MESTRES(AS): elementos da gestão ordinária no artesanato de Pernambuco
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Palavras Chave

Gestão Ordinária
Estudos Baseados na Prática
Artesanato

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Organizações Não-Convencionais

Autores

Nome
1 - Cristiane Ana da Silva Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE) - RECIFE
2 - Mariana Patrícia de Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - CAMPUS ACADÊMICO DO AGRESTE (CAA)
3 - Denise Clementino de Souza
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Programa de Pós-Graduação em Gestão, Inovação e Consumo (PPGIC/UFPE).
4 - Elisabeth Cavalcante dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Centro Acadêmico do Agreste
5 - ADRIANA MARIA DE OLIVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - CAA

Reumo

Pesquisadores(as) têm resgatado as abordagens da prática e a relação entre a teoria social e os estudos organizacionais, visando enriquecer a área da gestão (OLIVEIRA, 2016), preenchendo um tema até pouco tempo negligenciado. Com isso, voltam-se às organizações ordinárias que possuem seus conhecimentos pouco valorizados pelo mainstream da administração (CARRIERI; PERDIGÃO; AGUIAR, 2014). Nessa linha, o artesanato faz parte do modo de gestão ordinária que compõem as atividades econômicas criativas em diversos países, mas têm sido investigado de forma limitada pelos estudos organizacionais.
Os(as) artesãos(ãs) sobrevivem na atual sociedade por meio do seu saber artístico e da realização de sua produção manual, são sujeitos comuns que através do saber-fazer ou prática realizam a gestão ordinária. O estudo da “prática” é a área do conhecimento que possui potencialidades para explicar certas realidades organizacionais e como se dá o dia a dia da gestão ordinária. Assim, o artigo procura analisar os elementos constituintes da gestão ordinária, mostrando sua ligação com a atividade do artesanato dos(as) mestres(as) pernambucanos(as) a partir da visão dos Estudos Baseados na Prática.
Na abordagem teórica é destacado os aspectos dos Estudos Baseados na Prática (ALVES et al., 2021), conceitos e características da prática (SCHATZKI, 2006), o fenômeno e elementos envolvidos na gestão ordinária (CARRIERI et al., 2018), e o artesanato (LEITE; SEHNEM, 2018; MACHADO; SILVA; FERNANDES, 2020).
Este estudo, utilizou-se da abordagem qualitativa de caráter exploratório (MERRIAM, 2009). Foram utilizados dados secundários, vídeos expostos no site institucional do Artesanato de Pernambuco (2022), mantido pelo governo do mesmo estado. Foram analisados 76 vídeos em que se apresentam relatos dos(as) artesãos(ãs), famílias e associações que possuem título de mestre(a) do artesanato em Pernambuco, o material foi analisado a partir de um roteiro de observação que avaliou aspectos e traços da gestão ordinária e das práticas.
A gestão ordinária dos(as) mestres(as) do artesanato, ocorre em diferentes espaços (casa, ateliê, ambiente ao ar livre), locais que suas práticas de produção, venda e divulgação são realizadas. Nota-se na fala dos(as) artistas a forte presença dos elementos da criatividade, saber-fazer, cotidiano, religiosidade e crenças, caracterização dos sujeitos comuns, ordinários, compartilhamento de informações, herança não-sanguínea do saber-fazer, ancestralidade e o elemento transcendental, o prazer e afeto, que estão envolvidos na prática artesanal.
A gestão ordinária da arte de fazer artesanato que é fortemente presente no território de Pernambuco, destaca-se o protagonismo de homens e mulheres artesãos(as) comuns, o impacto dos arranjos materiais na prática, a importância do saber-fazer e da sua transmissão dentre os elementos notados nos relatos dos(as) mestres(as) do artesanato pernambucano. É forte a presença do elemento transcendental, prazer e afeto mantenedor fundamental da prática. Além da ligação observada entre o cotidiano dessa gestão ordinária, presente nos espaços de produção dos(as) artistas.
CARRIERI, A. P.; PERDIGÃO, D. A.; AGUIAR, A. R. C. Gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar sobre a gestão em estudos organizacionais. Revista de Administração (São Paulo), v. 49, n. 4, p. 698–713, 2014. SANTOS, E. C.; SILVA, Í. H. F. R.; DIAS, P. K.; MORAIS, W. M. Saberes e Práticas Organizativas das Culturas Populares na cidade de Caruaru, Pernambuco, Brasil. Organizações & Sociedade, v. 28, p. 475-494, 2021.