1 - Rafael Alcadipani ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - EAESP
2 - Fernando Ressetti Pinheiro Marques Vianna ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - Nove de Julho
3 - Gustavo Matarazzo Rezende Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo - IFSP - Avaré
4 - Alan Fernandes ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - São Paulo
5 - Renato Sérgio de Lima ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - GEP
Reumo
Em um contexto de pandemia, mudança climática, crise de refugiados e guerras, os teóricos da Administração e das Organizações são chamados a elaborar pesquisas a respeito de temas que são os grandes desafios da sociedade (George et al., 2016; Gümüsay, Marti, Trittin-Ulbrich & Wickert, 2022). Apesar da área de administração possuir uma longa tradição de estudos sobre mudança organizacional (Bertero, 1976), ainda é raro vermos estudos nesse campo no Brasil que tratem de propostas para mudanças nas organizações policiais.
Tendo em vista que os estudos sobre organizações policiais, usualmente contam com pesquisas de caráter empírico, e acabam por não tangenciar questões mais recentes e espinhosas, como os alarmantes números de homicídios, estupros e presença de facções criminosas no Brasil, buscamos levantar os estudos sobre organizações policiais na literatura, para verificar as principais áreas analisadas e características desses estudos. Assim, o objetivo desse ensaio é analisar essas áreas e a forma como as investigações analisam a organização policial, de forma reflexiva.
Os estudos mais recentes sobre polícia na área de Administração no Brasil tangenciam temas variados como as questões emocionais e psicológicas que afetam os profissionais que atuam nessas organizações, cultura organizacional, aspectos de gênero e sobre a atuação da mulher na polícia, implementação e utilização de novas tecnologias. Contudo, observamos que os estudos que focam em polícia na área acadêmica de administração o fazem, na maior parte das vezes, a partir de casos empíricos. Ou seja, a polícia é o objeto de pesquisa para se construir teorias sobre Administração.
Ao analisarmos a literatura internacional no nosso campo a respeito de organizações policiais, observamos que as pesquisas sobre este tipo de organização focam, especialmente, em quatro áreas, muitas vezes de maneira imbricada, que são: tecnologia, uso da força, cultura e comportamento, e grupos minoritários. Ao analisar tais categorias, constatamos que um elemento que as tangencia é a reforma policial, ou seja, os fenômenos policiais abordados nos artigos são acompanhados, muitas vezes, por demandas reformistas.
A recorrência da discussão sobre a reforma da polícia no Brasil é um sintoma do mal-estar da sociedade brasileira com o tema (Lima & Sinhoretto, 2011). É um sintoma das dificuldades existentes nessa área, que se dá em face da percepção de que o trabalho desenvolvido pelas corporações policiais brasileira são ora pouco eficientes, representado pela incapacidade de prevenir e reprimir crimes, ora agregam elevados níveis de violência no desenrolar de suas atuações.
Alcadipani, R., & Medeiros, C. R. D. O. (2016a). O herói-envergonhado: tensões e contradições no cotidiano do trabalho policial. Revista Brasileira de segurança pública, 10(2).
Alcadipani, R., & Medeiros, C. R. D. O. (2016b). Policiais na rede: repertórios interpretativos nas manifestações discursivas de comunidades criadas por policiais no Facebook. Farol-Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 3(7), 559-627.
Almeida, C. C. R., de Souza, M. A., & Gimenes, É. R. (2018). Percepções sobre (des) igualdade de gênero: estudo comparativo entre civis e policiais. Revista do Serviço Público, 6