Resumo

Investiga-se os impactos da pesquisa científica no processo de aprendizagem de alunos da educação básica (EB) e o papel dos órgãos públicos. Explora-se aspectos sobre a experiência do professor como orientador de projetos de pesquisa, os desafios enfrentados pelo professor e o papel atribuído às autoridades e as formas que o desenvolvimento de pesquisa e participação em feiras de ciências contribuem no ensino-aprendizagem dos alunos. A coleta de dados foi realizada por meio de grupos focais com professores orientadores de projetos de pesquisa.

Definiu-se os seguintes objetivos específicos: i) compreender os aspectos que compõe a experiência e os desafios enfrentados pelo professor orientador de projetos de pesquisa na educação básica e o papel atribuído às autoridades nesse processo; ii) analisar de que forma o desenvolvimento de pesquisa e participação na Feira de Ciências podem contribuir no processo ensino-aprendizagem; iii) discutir o papel do estado e das instituições de ensino no fomento à pesquisa na educação básica.

A condição essencial para educar pela pesquisa é que o professor a tenha como atitude cotidiana e entenda a pesquisa como um princípio científico e educativo, utilizando a pesquisa como instrumento principal do processo educativo. A pesquisa precisa ser um lugar coletivo, com ambiente positivo para conseguir a participação ativa do aluno (DEMO 2021). Os objetivos da educação incluem a promoção do desenvolvimento intelectual e pessoal do aluno (LOPES 2019). A feira de ciências estimula, organiza e divulga a produção científica nas escolas, envolvendo a participação de todos (PAVÃO; LIMA 2019).

A pesquisa de cunho qualitativo trabalhou com grupo focal a partir de um roteiro semi-estruturado, com seis professores. A escolha dos professores foi aleatória, obedecendo o critério de terem participado das edições de 2018, 2019, 2020 ou 2021 da Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências do Estado de Mato Grosso do Sul (FETECMS) orientando projetos de pesquisa. Objetivou-se identificar as experiências e a importância em orientar projetos de pesquisa na EB, compreender as repercussões no ensino aprendizagem e os desafios enfrentados em relação às políticas públicas.

Os resultados apontam para percepção positiva do envolvimento de alunos com iniciativas de pesquisa, com sinais claros de amadurecimento científico e de habilidades profissionais que os colocam em destaque em relação aos seus pares. Encontrou-se o baixo apoio financeiro e institucional por parte das escolas e governo no fomento aos projetos de pesquisa, ainda que as instituições utilizem trabalhos premiados como vitrine diante da comunidade e a necessidade da criação de um ambiente de incentivos e recompensas, amparado pelo governo e instituições de ensino, para a promoção da pesquisa na EB.

O governo e as escolas não reconhecem e valorizam devidamente esses esforços, porém são diretamente beneficiadas a partir do momento em que esses projetos recebem destaque, principalmente mediante as premiações em feiras já consolidadas como a FETECMS no estado de Mato Grosso do Sul. o estado e as instituições de fomento possuem uma importante função na regulamentação de políticas e de criação de ambientes de pesquisa. Fica evidenciada a necessidade de garantir os incentivos à formação de gestores que ofereçam suporte às iniciativas de pesquisa dentro das instituições de ensino.

BARDIN, L. Análise de conteúdo (LA Reto, & A. Pinheiro, Trad.) Edições 70. Lisboa: Presses Universitaires de France, 1977. DEMO, P. Educar pela pesquisa. 10 ed. São Paulo: Autores Associados, 2021. LOPES, R. C. S. A Relação Professor Aluno e o Processo Ensino Aprendizagem. Programa de desenvolvimento educacional: Governo do Estado do Paraná. 2009. PAVÃO, A. C.; LIMA, M. E. C. Feiras de ciência, a revolução científica na escola. Revista Brasileira de Pós-Graduação, v. 15, n. 34, p. 1-11, 2019.