Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações
Autores
Nome
1 - Guilherme Gustavo Holz Peroni UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional
2 - Priscilla de Oliveira Martins da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Departamento do Curso de Administração
Reumo
A idade localiza o indivíduo no ciclo de vida, fundamenta os papéis sociais, define as obrigações na sociedade e influencia a produção de bens e serviços e o ambiente organizacional. Contudo, a idade cronológica não reflete plenamente o processo de envelhecimento. O foco é a idade subjetiva que diz respeito a idade sentida pelo indivíduo mais velho, ou seja, o quão jovem ou velho ele se sente. O estudo propõe que diversos conceitos e significados da idade estão presentes no contexto organizacional, por exemplo, as idades cronológica, biológica, mental/cognitiva, social e profissional.
A principal contribuição é compreender a maneira como a multiplicidade de idades se revela na prática dos servidores públicos mais velhos, assim como gerar conhecimentos para a área de gestão de pessoas. A estabilidade no cargo, as normas e a cultura organizacional revelam o contexto específico da administração pública. Assim, temos a seguinte pergunta de pesquisa: Como os trabalhadores mais velhos vivenciam as idades no contexto do setor público federal? O objetivo é conhecer as concepções de idade sob a perspectiva dos trabalhadores mais velhos no contexto da administração pública federal.
O trabalho apresenta seis conceituações de idade: cronológica, biológica, mental/cognitiva, social, subjetiva e múltiplas idades. O envelhecimento é um processo complexo e possui diversos fatores que estão para além da contagem do tempo de vida. As idades cronológica, biológica, mental/cognitiva e social não determinam a velhice, pois o processo de envelhecimento é complexo e multifatorial. Ademais, a idade cronológica desconsidera os aspectos subjetivos do processo de envelhecimento A perspectiva epistemológica e teórica que embasa a pesquisa é o construcionismo social.
Trata-se de pesquisa qualitativa. O método bola de neve foi adotado para a seleção dos participantes. Foram realizadas 16 entrevistas (8 homens e 8 mulheres) com servidores técnico-administrativos em educação com 45 anos ou mais que trabalham em uma universidade federal brasileira. A entrevista buscou conhecer o processo de envelhecimento na carreira. Para a análise dos dados foi adotada a análise de narrativas e biografias do tipo temática, operacionalizada a partir de três etapas: (1) organização dos dados; (2) codificação e categorização temática; e (3) análise comparativa das narrativas.
Foram construídas seis categorias teóricas: idades cronológica, biológica, mental/cognitiva e social, percepção conflituosa da velhice e idade organizacional. A análise dos resultados indicou uma multiplicidade de idades. Dessa forma, as idades cronológica, biológica, mental/cognitiva e social, assim como as idades subjetivas fazem parte do arcabouço de idades no contexto organizacional. Explorou-se as múltiplas idades, especialmente as idades vinculadas ao período de admissão, momentos históricos, produtividade e proatividade e infraestrutura do setor de trabalho.
As concepções de idade são complexas, multidimensionais e contraditórias. A multiplicidade de idades revela a necessidade de políticas e práticas de gestão de pessoas que abarquem as diferentes concepções de idade. Os achados apontam que o processo de envelhecimento ocasiona mudanças fundamentais na vida pessoal e profissional dos indivíduos, bem como significa uma relação de perdas e ganhos. Apesar disso, as crenças sociais e estereótipos desatualizados da velhice são inadequados, uma vez que a análise dos resultados refuta alguns estereótipos negativos da velhice.
CEPELLOS, V. M.; SILVA, G. T.; TONELLI, M. J. Envelhecimento: múltiplas idades na construção da idade profissional. Organizações & Sociedade, v. 26, n. 89, p. 269-290, 2019.
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