Sociedade da desinformação
Papel da universidade
Levantamento de ações
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais
Autores
Nome
1 - Mauricio Vitor Souza Oliveira FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF) - Petrolina - Centro
2 - Milka Alves Correia Barbosa UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS (UFAL) - Feac
3 - Fernanda Roda de Souza Araújo FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF) - Colegiado de Administração
Reumo
A partir do processo de difusão e democratização das tecnologias da informação e comunicação a sociedade se viu diante de uma grande mudança em termos de hábitos, preferências, relacionamentos e cultura (CASTELLS, 1999). As pessoas abraçaram os meios tecnológicos de forma intensa em seu o cotidiano de uma forma geral e, em especial, para o consumo e disseminação de informações. O empenho da universidade diante desse fenômeno desperta algumas questões sobre quais são, de fato, as suas atribuições e como ela pode contribuir de maneira efetiva para o combate ao ambiente de desinformação.
Diante do exposto, surge a preocupação com a disseminação de informações falsas, prática cada vez mais constante que ocasiona o ambiente de desinformação, e sobre o papel da universidade diante dessa problemática. Nesse sentido e considerando o poder de influência que a universidade possui no ambiente no qual está inserida, este estudo tem como objetivo entender quais ações as universidades do Semiárido estão desenvolvendo para combater o ambiente de desinformação.
A maior aliada na luta contra a disseminação de fake news é a educação – o único meio para que os cidadãos desenvolvam competências para o domínio e a convivência com as novas tecnologias. Assim, a universidade tem papel fundamental na formação de uma geração crítica e consciente, que use as novas tecnologias de forma responsável, que tenha a capacidade de discernimento para escolher e absorver o conteúdo consumido (FRIAS FILHO, 2018), e que perceba da possibilidade da alteração do conteúdo original da mensagem e da intencionalidade por trás da informação veiculada (SOUSA JÚNIOR et al., 2020).
O presente estudo pode ser melhor enquadrado como um levantamento majoritariamente quantitativo e com finalidade exploratório-descritiva, já que há o intuito de proporcionar mais informações sobre o objeto de pesquisa, bem como descrevê-lo sem necessariamente interferir na sua dinâmica (PRODANOV; FREITAS, 2013); e de abordagem teórico-empírica, considerando o ambiente como fonte direta para coleta de dados (DEMO, 2000). Para esta análise, foi utilizada metodologia semelhante à de Silva et al. (2021), com adaptações da análise de conteúdo conforme sugere Bardin (2011).
A partir do levantamento feito nos sites institucionais das 18 universidades com campi no semiárido, foi possível recuperar um total de 143 ações diversas relacionadas ao combate à desinformação. Tem-se que a atuação das universidades contra a desinformação é algo muito recente, que teve início em meados de 2018 e, ao longo dos anos, foi se expandindo. Por fim, esta análise permitiu perceber um aspecto em comum entre universidades localizadas inteiramente no semiárido: a baixa quantidade de ações contra a desinformação.
A partir deste levantamento foi possível perceber que cada universidade possui uma forma distinta de agir. Essas universidades demonstraram, no geral, poucas iniciativas – e, desse montante, a grande maioria era superficial. Isso mostra que, além de não produzirem conhecimento científico sobre a desinformação, tais instituições também não priorizam o combate ao fenômeno. É inadiável, portanto, que o combate à desinformação se torne pauta recorrente nas universidades do semiárido brasileiro.
FERRARI, P.; BOARINI, M. A desinformação é o parasita do século XXI. Organicom, v. 17, n. 34, 2020.
GILS, F. V.; MULLER, W.; PRUFER, J. Big data and democracy. TILEC Discussion Paper, n. 3, 2020.
SOUSA JUNIOR, J. H. et al. Da desinformação ao caos: uma análise das fake news frente à pandemia do coronavírus (COVID-19) no Brasil. Cadernos de Prospecção, v. 13, n. 2, 2020.
ANDERSEN, A. J. M.; RAMUSKI, A. C. F. C. C.; GODOY, E. O ambiente de desinformação global. In: CUNHA, A. F.; DOMINGOS, C. (Org.). Coletânea da I Jornada Internacional de Pragmática. 1. ed. Curitiba: Lupa Edições, 2019.