Resumo

A perspectiva de carreira proteana designa aqueles profissionais que deixam de lado as estruturas organizacionais, representando uma nova configuração de carreira se adaptando às suas diferentes necessidades, na qual são eles que gerenciam a sua carreira e não mais a organização (Hall, 2002). Neste sentido, o campo de carreira na área de T.I. é caracterizado por envolver profissionais com diferentes cargos e funções que se enquadram significativamente num modelo de carreira autodirigida (Kilimnik, Dias & Jamil, 2012).

Evidencia-se uma fragilidade no vínculo entre a empresa e os profissionais da área de tecnologia da informação. O modelo de gestão de pessoas adotado nas empresas parece trazer restrições para o desenvolvimento da carreira desses profissionais. Diante desse contexto delineia-se como pergunta de pesquisa: Como se desenvolve a trajetória profissional de trabalhadores da tecnologia da informação, a partir das dimensões de carreira proteana? Para tanto, a presente pesquisa tem por objetivo analisar como se desenvolve a trajetória profissional de trabalhadores da tecnologia da informação

Gubler, Arnold e Coombs (2013) estabeleceram uma conceituação consistente em duas dimensões, denominadas “orientadas por valores”, que possui como componente a identidade e a orientação para valores e a dimensão “autodireção”, cujo componentes são adaptabilidade e autodirecionamento para construir um modelo de carreira proteana.

Esta pesquisa classifica-se como qualitativa, de cunho interpretativo. Para tanto, foram realizadas 16 entrevistas semiestruturadas com profissionais de diversas áreas da Tecnologia da Informação no qual foram escolhidos por meio da técnica de snowball sampling. A análise dos resultados foi realizada por meio de análise de conteúdo.

A identidade é observada, principalmente, a partir da revelação do seu foco no trabalho, satisfação pelo que faz e atratividade por um trabalho dinâmico. Já a orientação por valores observou-se a busca pela qualidade de vida no trabalho, desejo de realizar um trabalho significativo e a necessidade de equilibrar trabalho e vida pessoal. Já a adaptabilidade é percebida, primordialmente, a partir de elementos como versatilidade e abertura a possíveis mudanças. Por fim, no fator autodireção revelou-se a capacidade de ter um plano de carreira próprio e a busca por novas experiências.

Conclui-se que o profissional de T.I. busca atender aos seus interesses e necessidades. Algumas das principais estratégias para a retenção desses profissionais diz respeito ao desenvolvimento e aplicação de práticas organizacionais de trabalho flexível, ou seja, com elementos que possibilitem a formação e desenvolvimento desse profissional, além de condutas motivacionais como clareza nos processos, bem como a concepção de um trabalho que traga significado para este profissional favorecendo um sentimento de realização.

Gubler, M., Arnold, J., & Coombs, C. (2014). Reassessing the protean career concept: Empirical findings, conceptual components, and measurement. Journal of Organizational Behavior, 35(S1), S23-S40. Hall, D. T. (2002). Careers in and out organizations. London: Sage Publications. Kilimnik, Z. M. Dias, S. M. O., & Jamil, G. L. (2012). Fatores de pressão no trabalho e comprometimento com a carreira: um estudo com profissionais de tecnologia da informação. Revista Eletrônica de Sistemas de Informação, 11(2).