Resumo

O mercado de trabalho brasileiro é marcado por diferentes problemáticas, tanto regionais, quanto nacionais. Conseguir identificar a nossa sociedade como sendo majoritariamente patriarcal, é primordial para intervenções que visem mudar o espectro nacional de discriminações quanto ao sexo dos indivíduos, uma vez que diversas vezes não identificamos as desigualdades por estarem tão culturalmente naturalizadas com elas.

Urge imprescindível a construção de um panorama descritivo que possa identificar as características da composição de rendimentos dos profissionais em atividades administrativas no país, bem como identificar a magnitude dos hiatos salariais existentes entre os sexos. O presente artigo tem como objetivo identificar os diferenciais de rendimentos dos profissionais em atividades administrativas no Brasil, evidenciando as características determinantes da composição salarial desses profissionais, identificando as principais componentes salariais relacionadas aos atributos dos indivíduos.

Este trabalho se fundamentada na Teoria do Capital Humano, a qual parte da premissa de que esse tipo de capital é fruto de investimento e de decisões racionais que envolvem a comparação de taxas de retorno e de juros como qualquer outro investimento. O capital humano é definido como o conjunto de conhecimento, atitudes e habilidades possuídos pela força de trabalho que pode ser acumulado. Desta forma, o capital humano seria uma consequência da acumulação de educação, perícia e experiência por parte dos trabalhadores, levando, por sua vez, ao crescimento econômico das nações.

Para cada atividade são estimadas três especificações distintas da equação de salários minceriana. O Modelo 1 é estimado de forma irrestrita e considera todos os indivíduos, além de utilizar a variável mulher para mensurar a magnitude do hiato salarial existente. O Modelo 2 é estimado apenas para os rendimentos masculinos, enquanto que o Modelo 3 considera os salários femininos, para os profissionais de apoio e nível gerencial, respectivamente. As estimações por sexo captam os prêmios salariais e o impacto de cada uma das características individuais sobre a composição dos rendimentos.

Os resultados sugerem a existência de hiatos salariais em desfavor das mulheres em ambas as atividades, sendo que para o pessoal de apoio o gap se mostrou menor, cerca de 14%, enquanto que para o nível gerencial o diferencial encontrado foi de quase 24%. Outro achado interessante foi a influência do trabalho remoto para os rendimentos femininos em nível gerencial, aumentando os salários das mulheres em aproximadamente 42%, ganho de quase 14 pontos percentuais superiores aos salários dos homens.

Os resultados obtidos sugerem um perfil de discriminação dos salários femininos para as atividades administrativas, seja aquelas de apoio, seja as relacionadas ao nível gerencial. As evidências empíricas encontradas apontam que mulheres com atributos semelhantes aos masculinos acabam por receber rendimentos inferiores para estruturas ocupacionais semelhantes.

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