Resumo

A crescente produção de dados tem origem no início do século XXI com globalização, a massificação do acesso à internet e uso de recursos computacionais. Negócios da economia digital desenvolveram grande dependência dos fluxos informacionais, essencialmente utilizando dados pessoais. Assim, os milhões de dados gerados pelos usuários na internet passaram a ser utilizados como moeda de troca entre organizações, podendo colocando em risco a privacidade dos usuários. Recentemente, tem-se a regulamentação do tratamento de dados pessoais com a aprovação da Lei Geral de Proteção de Dados no Brasil.

Observa-se que gradualmente a noção de privacidade de dados pessoais está construída legislativamente no país. Mas tal noção está diretamente relacionada ao conhecimento entre todos os envolvidos. a inteligência coletiva se configura como a união de conhecimento individuais. Considerando as publicações em redes sociais como manifestações, opiniões e informações acerca de um tema, isto pode ser considerado como a externalização de conhecimento individual de tal forma que o coletivo dessas manifestações permite inferir o panorama do conhecimento acerca do tema.

A plataforma do Twitter tem sido utilizado de muitas formas devido ao seu potencial de propagação de informações. Embora a LGPD seja um tema relativamente recente no Brasil, diversos estudos acadêmicos já foram produzidos discutindo sobre o uso de algoritmos, adequações necessárias para cumprir a lei, bem como trabalhos sobre privacidade nas redes sociais. No entanto, observa-se uma lacuna na literatura que explore especificamente a temática das percepções e manifestações sobre a LGPD nas redes sociais demonstrando o conhecimento coletivo sobre o tema.

O presente artigo se propõe investigar como se configuram diferentes manifestações e percepções acerca da LGPD no Twitter de tal forma a constituir um conhecimento coletivo sobre este tema. Assim, foram coletados dados da plataforma de 24 meses, sendo 12 antes e 12 após a promulgação da lei. Os dados foram tratados e analisados de tal maneira a identificar as características das manifestações sobre a LGPD. Para complementar os resultados, complementar, foram realizadas entrevistas com especialistas em LGPD com o objetivo de agregar os resultados obtidos.

Com base nos tweets e nas análises executadas, foi possível identificar que no período anterior à promulgação da LGPD, a quantidade de tweets foi ínfima em relação ao total de publicados no período após a promulgação, demonstrando assim o crescimento da discussão ou do interesse sobre o tema no Brasil após a definição clara da lei. A análise de similitude dos termos demonstra uma complexidade maior nas manifestações após a promulgação da LGPD, mas ainda distante da perspectiva de conscientização plena pelas organizações e pelas sociedade civil a ser beneficiada.

Este artigo contribui com uma visão quantidade ao demonstrar a construção gradativa do conhecimento coletivo acerca da LGPD, demonstrando que houve uma inércia das organizações para iniciar as adequações necessárias, possivelmente devido às incertezas políticas e jurídicas que o Brasil se encontra, mas que após a promulgação da lei, observou uma movimentação das organizações no sentido de compreender efetivamente a lei e iniciar as adequações internas para assegurar a conformidade. Quanto à sociedade civil, ficou claro que a LGPD ainda lhe parece distante.