Estrutura de Capital
Cooperativas de Crédito
Determinantes
Área
Finanças
Tema
Estrutura de Capital, Dividendos e Fusões e Aquisições
Autores
Nome
1 - Flavia Zancan UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - FEARP USP
2 - Maurício Ribeiro do Valle Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - Departamento de Contabilidade
Reumo
A grande maioria das evidências empíricas publicadas sobre estrutura de capital, nas últimas décadas, foram desenvolvidas para empresas não financeiras, sendo as instituições financeiras excluídas das abordagens sobre a escolha da estrutura de capital padrão. Nesta perspectiva, o estudo toma emprestado a literatura empírica de empresas não financeiras para explicar a estrutura de capital de instituições financeiras, como proposto por Gropp e Heider (2010), sobretudo instituições financeiras cooperativas.
A evolução do conhecimento sobre o tema estrutura de capital possibilitou identificar determinantes comumente estudados em empresas que podem influenciar a estrutura de capital das instituições financeiras. Mas, apesar de diversos determinantes terem sido estudados, pouco espaço obteve um segmento que avança a passos largos, capaz de influenciar financeiramente e socialmente seus usuários, qual seja, o ramo do cooperativismo de crédito. Assim, objetiva-se examinar os fatores determinantes da estrutura de capital das cooperativas de crédito singulares brasileiras de 2006 até 2020.
A estrutura de capital representa um dos temas centrais em teoria de finanças corporativas e as decisões sobre tal estrutura estão entre as mais importantes na gestão estratégica de uma instituição. Deste modo, com base na literatura de empresas não financeiras (Gropp & Heider, 2010) e fundamentado nas Teorias Trade-Off (Kraus & Litzenberger, 1973) e Pecking Order (Myers, 1984) foram selecionados determinantes, como rentabilidade, tamanho, tangibilidade, e risco, que podem explicar o endividamento das cooperativas de crédito.
Foram analisadas todas as 1.618 cooperativas de crédito singulares brasileiras, com informações disponíveis no Banco Central do Brasil, no período de 15 anos (2006 a 2020), totalizando 16.363 observações. Utilizou-se o método dos mínimos quadrados ordinários, tendo como variáveis dependentes a alavancagem, os depósitos e os passivos de não depósitos. Já, como variáveis independentes foram analisadas: a rentabilidade; o tamanho; a tangibilidade; o risco.
A análise gráfica da decomposição da estrutura de capital aponta para o aumento dos depósitos, que contrapõem as reduções dos passivos de não depósitos e patrimônio líquido. Já, o modelo de efeitos fixos mostra que todas as variáveis são estatisticamente significativas, sendo a alavancagem influenciada positivamente pelo tamanho e risco, e negativamente pela rentabilidade e tangibilidade, confirmando em maior parte a Teoria Pecking Order. Por fim, a decomposição da alavancagem aponta que os modelos de regressão funcionam melhor para a alavancagem, do que para seus componentes.
O estudo identificou que as variáveis adaptadas do estudo de Gropp e Heider (2010) foram significativas no modelo de regressão, sendo que as cooperativas de crédito aumentam a alavancagem quando influenciadas pelo tamanho e risco. Já, quando influenciadas pela rentabilidade e tangibilidade as mesmas diminuem a alavancagem, corroborando em maior parte com a Teoria Pecking Order. Ainda, decomposição da alavancagem identificou que as regressões do estilo de finanças corporativas padrão funcionam menos bem para os componentes de alavancagem do que para a própria alavancagem.
Gropp, R. & Heider, F. (2010). The determinants of bank capital structure. Review of Finance, 14(4), 587-622. https://doi.org/10.1093/rof/rfp030
Kraus, A. & Litzenberger, R. H. (1973). A state-preference model of optimal financial leverage. The Journal of Finance, 28(4), 911-922.
Myers, S. C. (1984). The capital structure puzzle. The Journal of Finance, 39(3), 575-592. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1984.tb03646.x