Resumo

Tem-se observado o crescimento de relevância dos conceitos abordados pela teoria dos stakeholders. A teoria se articula com foco na criação e distribuição de valor entre a empresa e os públicos que afetam ou são afetados por suas atividades. Apesar dessa ênfase, há lacunas para avanços conceituais e práticos. Na relação de troca de valor com seus stakeholders, é notável que as necessidades das empresas variam com seu estágio de desenvolvimento, fazendo com que demandas e percepções sobre a criticidade dos relacionamentos com os públicos de interesse se modifiquem ao longo do ciclo de vida.

O trabalho é norteado pela seguinte questão: Qual é a relação entre o ciclo de vida organizacional e a distribuição de valor aos stakeholders das organizações? O objetivo principal desta pesquisa é analisar empiricamente a relação entre o ciclo de vida organizacional e o valor distribuído aos stakeholders das organizações.

O referencial está ancorado nas teorias do ciclo de vida organizacional e na teoria dos stakeholders. Primeiro, são apresentados os conceitos que formam a base da teoria do ciclo de vida organizacional, seguindo-se para instrumentos aplicados em estudos empíricos. Depois, a teoria dos stakeholders é abordada com seus pressupostos, com enfoque sobre o conceito de valor e as questões que envolvem a criação e distribuição de valor a stakeholders. Após a revisão da literatura, são apresentadas as hipóteses a serem verificadas neste trabalho, originadas das relações entre as duas teorias abordadas.

Este trabalho possui abordagem quantitativa e classificado como descritivo, ao identificar e detalhar relações entre as variáveis. As variáveis dependentes do estudo são scores obtidos por meio de análise de conteúdo de prospectos de IPO das empresas, identificando o valor distribuído a cada grupo de stakeholders primários, conforme modelo desenvolvido por Boaventura et al. (2020). A variável preditora é uma proxy do nível de maturidade das organizações, apresentada por DeAngelo et al. (2006). Regressões lineares são realizadas para a verificação de relações entre as variáveis.

Os resultados mostraram relação positiva entre a maturidade e a distribuição de valor total aos stakeholders, bem como com o valor alocado a investidores e colaboradores. Não houve significância entre a maturidade das empresas e o valor distribuído a clientes, fornecedores e comunidade.

O objetivo desta pesquisa foi analisar, de forma empírica, a relação entre o ciclo de vida organizacional e o valor distribuído aos stakeholders das organizações. As hipóteses foram verificadas por meio de regressões lineares, tendo como variáveis dependentes os valores distribuídos aos stakeholders e como variável preditora uma proxy do ciclo de vida organizacional, calculada como a razão entre a reserva de lucros da empresa e seus ativos totais (DEANGELO et al., 2006). Foram incluídas as variáveis tamanho e setor como controladoras dos modelos.

BOAVENTURA, J.M.G.; BOSSE, D.A.; DE MASCENA, K.M.C.; SARTURI, G. Value distribution to stakeholders: The influence of stakeholder power and strategic importance in public firms. Long Range Planning, v. 53, n. 2, p.101883, 2020. DEANGELO, H.; DEANGELO, L.; STULZ, R. M. Dividend policy and the earned/contributed capital mix: a test of the life-cycle theory. Journal of Financial economics, v. 81, n. 2, p. 227-254, 2006. JAWAHAR, I. M.; MCLAUGHLIN, G. L. Toward a descriptive stakeholder theory. In: SINGER, A. E. Business Ethics and Strategy, Volumes I and II. Routledge, 2018. p. 381-398