Resumo

As iniciativas sociais exigem a capacidade de envolver vários atores, com diferentes habilidades, conhecimentos e competências. Esse enfoque resulta da compreensão integrada de que estas iniciativas contemplam todos os setores da sociedade e seus atores, em diferentes áreas de pesquisa e campos de aplicação, demonstrando assim, que a ampliação da perspectiva é crucial para a compreensão da inovação social. Assim, os ecossistemas de inovação social emergem para refletir as estruturas da dinâmica de colaboração dos atores envolvidos com o objetivo compartilhado da transformação social.

Este estudo aborda o contexto em que os ecossistemas de inovação social (IS) emergem. A maioria dos estudos nessa temática não tem o cuidado em considerar as particularidades das dinâmicas de IS. Surge uma lacuna em pesquisas sobre dinâmica das iniciativas sociais. Diante desse desafio, este artigo tem como objetivo propor um framework teórico do ecossistema de inovação social que apresente os fatores que estimulam o desenvolvimento de uma inovação social, os atores envolvidos, bem como os impactos causados.

Uma abordagem sistêmica da inovação social incide sobre as múltiplas interfaces dos setores, em grande parte separadas do Estado, empresas, sociedade civil e academia, seus mecanismos de ação e regulação e sua influência nas dificuldades associadas às capacidades de resolução de problemas (Howaldt & Schwarz, 2016). Destarte, um ecossistema deve ser capaz de identificar, analisar e conectar fatores que impulsionam e as barreiras que as iniciativas de inovação social podem encontrar, independentemente do setor da sociedade em que são promovidos (Kaletka et al., 2017).

O framework proposto inclui os drivers que estimulam o desenvolvimento de iniciativas sociais a partir da articulação de diversos fatores essenciais para o seu sucesso. O foco está em compreender como os membros do sistema são modelados a partir dessa integração, esclarecendo, por conseguinte, a atuação dos tipos de agência nas iniciativas de inovação social (Biggs et al., 2010; Cameron, 2012). Assim, evidencia-se a pluralidade de atores que constituem o processo da inovação, suas interações, a governança e as comunidades que compõem esses ecossistemas (Andion et al., 2022).

A proposta teórica evidencia o mapeamento de um ecossistema de inovação social, e enfatiza que, para o seu desenvolvimento, deve-se criar condições favoráveis para a operacionalização dos fatores que contribuem para a promoção de uma iniciativa social. Além disso, ao inserir e adaptar o modelo da Penta Helix no framework, permitiu evidenciar uma relação com os drivers e o papel de cada setor na cocriação da iniciativa social. Assim, a formação do modelo Penta Helix deriva da necessidade de diversos conhecimentos e de diferentes setores para estabelecer e operar projetos de inovação social.

Andion, C., Alperstedt, G. D., Graeff, J. F., & Ronconi, L. (2022). Social innovation ecosystems and sustainability in cities: A study in Florianópolis, Brazil. Environment, Development and Sustainability, 24(1), 1259–1281. Biggs, R., Westley, F. R., & Carpenter, S. R. (2010). Navigating the Back Loop: Fostering Social Innovation and Transformation in Ecosystem Management. Ecology and Society, 15(2), 9. Kaletka, C., Markmann, M., & Pelka, B. (2017). Peeling the onion. An exploration of the layers of social innovation ecosystems. European Public & Social Innovation Review, 1(2).