Resumo

A temática de Arranjos Produtivos Locais tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões dado sua importância para o desenvolvimento socioeconômico das regiões. No entanto, vários fatores podem influenciar o desenvolvimento de um APL tornando necessário considerar os diversos elementos da dinâmica setorial existente. É nesse sentido que se propõe uma interlocução com a Teoria Institucional. A Teoria Institucional tem ganhado espaço nos estudos organizacionais, evidenciando os elementos que constituem as instituições e que permeiam a vida social como valores, crenças, regras e suposições.

Essa revisão parte da premissa de que a Teoria Institucional congrega elementos importantes que contribuem para a análise de APLs, rompendo ou, pelo menos, abrindo novos horizontes para a pesquisa na área. Esta revisão tem como objetivo analisar como a Teoria Institucional tem sido utilizada nos estudos organizacionais sobre Arranjos Produtivos Locais. A pesquisa tem como problema central: De que maneira a Teoria Institucional tem sido utilizada nos estudos organizacionais sobre Arranjos Produtivos Locais?

Analisar os Arranjos Produtivos Locais implica considerar elementos que vão além dos atributos técnicos – usualmente utilizados na área – abarcando características de natureza social e institucional, reconhecendo que o comportamento dos atores é afetado por aspectos institucionais de caráter regulativo, normativo e cultural-cognitivo (SCOTT, 1995). Essa perspectiva implica reconhecer que os Arranjos Produtivos Locais – as organizações e os atores envolvidos – são influenciados por essas pressões institucionais.

O contexto institucional de um APL se refere à estrutura e aos atores sociais que detém um potencial influência sobre o Arranjo. Nessa ótica, a análise do contexto institucional de um APL é essencial para a compreensão da relação entre os principais atores e a importância de suas ações. A adoção de uma perspectiva institucional proporciona uma visão mais aprofundada dos aspectos sociais e culturais-cognitivos que fazem parte dos APLs. Todavia, é possível perceber que os estudos selecionados adotam a teoria institucional de maneiras, muitas vezes, distintas.

Vislumbrar os Arranjos Produtivos Locais sob uma perspectiva institucional permite considerar elementos que vão além da objetividade comumente adotada que, muitas vezes, assume uma postura determinista. Os estudos sob uma ótica institucional têm conseguido, entre outros aspectos, incorporar uma série de debates contributivos para a temática de Arranjos Produtivos Locais, apresentando um olhar que transcende os aspectos técnicos e econômicos amplamente pesquisados.

DIMAGGIO, P. J.; POWELL, W. W. The iron cage revisited: institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, v. 48, n. 2, p. 147-169, 1983. MEYER, J.; ROWAN, B. Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony. American Journal of Sociol- ogy, v. 83, n. 2, p. 340-363, 1977. SCOTT, W. R. Institutions and organizations: ideas, interests, and identities. 4. ed. London, Thousand Oaks, CA & New Dehli: Sage Publications, 2014. SCOTT, W. Richard et al. Institutions and organizations. Thousand Oaks, CA: Sage, 1995.