Equidade de Gênero
Conselho de Administração
Cultura
Área
Finanças
Tema
Finanças Comportamentais
Autores
Nome
1 - Marize Minakawa Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Universidade de São Paulo
2 - Leandro dos Santos Maciel Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Departamento de Administração
Reumo
A humanidade criou um papel de submissão para a figura feminina, colocando-a em uma posição de inferioridade em relação ao homem em dimensões sociais, políticas, econômicas e profissionais (Sultana, 2010). No Brasil, ao longo dos últimos quatro séculos, a luta pela igualdade de gêneros conquistou importantes triunfos para as mulheres, como o voto feminino, acesso à educação, direitos reprodutivos, e proteção em casos de violência doméstica. Não obstante a tais êxitos, ainda que sejam essenciais na construção do retrato da mulher contemporânea, há mais a ser conquistado.
Qual o impacto provocado pelas características comportamentais de membros do alto escalão do sexo feminino no desempenho financeiro e risco das empresas?
Analisar a existência de impactos na performance financeira e no risco de falência de firmas que possuem (mais) diversidade de gênero em posições de alto nível hierárquico versus aquelas que (possuem menos) não possuem.
Identificar se os impactos na performance financeira possuem diferentes intensidades em países com diferentes níveis de equidade de gêneros e em períodos de recessão econômica.
Diferenças comportamentais: mulheres tendem a ser mais avessas ao risco;
Teoria da Massa Crítica (Kanter, 1977): relevância das proporções de membros de diferentes sexos nos grupos para a construção da vida social;
Síndrome de Queen Bee (Staines et. al.,1973; Abramson, 1975): mulheres antifeministas, mais críticas frente às suas colegas hierarquicamente inferiores e negam a existência de preconceito;
Teoria de Masculinidades: as masculinidades podem ser percebidas em ações e comportamentos (competição, individualização, assertividade e agressividade) e podem ser performadas por mulheres.
Foram adotados modelos de regressão para dados em painel, mensuradas por MQO e Efeitos Fixos. A amostra de dados foi composta por 431 companhias brasileiras e estadunidenses, com observações trimestrais durante ao período de 2010 a 2022, compondo um painel não balanceado com 20.754 observações empresa-trimestre.
As variáveis dependentes utilizadas como métrica de performance foram ROA e ROE (métrica contábil) e Q de Tobin e Market-to-Book (proxy para oportunidades de crescimento). Como métrica de risco de falência o Z-score de Altman (1968) foi considerado.
Obteve-se uma relação quadrática na qual as conselheiras possuem uma associação positiva com a rentabilidade e negativa com o risco de falência, que se inverte ao atingir determinado ponto de inflexão. Além disso, observou-se que, em culturas com menor nível de equidade de gênero, a associação positiva entre diversidade de gênero e rentabilidade é reduzida; e em casos de recessão econômica, a diversidade de gênero está significativamente associada a uma redução do risco de falência das firmas.
De forma geral, os resultados suportam as Hipóteses 1 e 2 de pesquisa. Em um primeiro momento, as conselheiras possuem uma associação positiva com a rentabilidade e negativa com o risco de falência; contudo, ao atingir determinado ponto de inflexão, estas relações se invertem. Em países com níveis mais elevados de equidade de gênero, a associação positiva da presença feminina em posições de alto escalão com a rentabilidade é reduzida. Por fim, as estimações relevam que a presença feminina no grupo está significativamente associada a uma redução do risco de falência das firmas.
Abramson, J. (1975).The Invincible Woman: Discrimination inthe Academic Profession. London: Jossey-Bass
Kanter, R. M. (1977). Men and women of the corporation revisited. New York: Basic Books.
Staines, G., C. Travis and T. E. Jayerante (1973). ‘The Queen Bee syndrome’,Psychology Today,7(8), pp. 55–60.
Sultana, A. (2010). Patriarchy and Women’s Subordination: A Theoretical Analysis. Arts Faculty Journal, 1–18.