Resumo

O desenvolvimento das tecnologias informatizadas desde os anos 1980 tem impulsionado a velocidade do compartilhamento de informações a níveis exponencialmente crescentes, o que tem levado à maior busca por meios para gerenciar a grande gama de dados e transformá-los em conhecimento. A Gestão do Conhecimento (GC) surge neste contexto, pretendendo otimizar o desempenho das empresas. Como parte disso, o Exército Brasileiro (EB) também tem adotado práticas de GC, se adaptando ao novo momento e revendo seus paradigmas, ainda que com dificuldades ligadas às suas características intrínsecas.

Pretende-se responder ao seguinte problema de pesquisa: nas Organizações Militares (OM) estudadas, as práticas de GC das dimensões Pessoas, Processos e Tecnologia estão implantadas e têm alcance o suficiente para conseguirem fazer o que se propõem? Propõe-se como objetivo do trabalho o que se segue: analisar as práticas de GC nas Organizações Militares do Exército Brasileiro selecionadas quanto ao estágio de implantação e ao alcance, de acordo com as dimensões da GC Gestão de Recursos Humanos (Pessoas), Processos Organizacionais (Processos) e Base Tecnológica e Funcional (Tecnologia).

A GC é entendida por muitos autores como funcionando em ciclos, que abrangem, genericamente, captação, compartilhamento e utilização do conhecimento, findos os quais o sistema se retroalimenta. Os tipos de conhecimento tácito e explícito tomam parte disso quando do compartilhamento. Permeando este processo, a GC é vista em três diferentes dimensões: Pessoas, Processos e Tecnologia (PPT), interdependentes entre si. A falta de qualquer um destes elementos inviabiliza a GC. Para ser implementada, a GC utiliza de práticas. No presente estudo, estas serão categorizadas conforme as dimensões PPT.

A pesquisa se tratou de um estudo de casos múltiplos, de natureza exploratória-descritiva, do tipo quantitativa. O objeto de estudo do trabalho são as unidades componentes do complexo militar do Pinheirinho, na cidade de Curitiba, Paraná. Foi utilizado um instrumento de pesquisa construído com base no questionário de Batista e Quandt (2015) a respeito de práticas de GC no setor público, do qual foram selecionadas 22 práticas para serem analisadas quanto à implantação e ao alcance.

A pesquisa foi respondida por 207 pessoas, distribuídas nas OM participantes. Tanto no aspecto estágio de implantação quanto em alcance, verificou-se que as OM tiveram bons resultados, a maioria obtendo mais de 50% de avaliações positivas nas três dimensões da GC analisadas. Em ambos os aspectos, como destaque positivo sobressaiu-se o 11º Centro de Telemática, enquanto a 5ª Companhia de Polícia do Exército ficou com os piores resultados na maioria das práticas.

Esta pesquisa pretendeu preencher um gap nos trabalhos do setor público na área de defesa sobre GC, em particular sobre práticas de GC no Exército. Com a escassez de recursos sempre à espreita e com a pandemia de COVID-19, trabalhos voltados para a otimização de ferramentas já existentes e de fácil acesso são necessários e de grande auxílio. A pesquisa se deteve em um universo limitado de práticas de GC, que podem, futuramente, ser ampliadas em outros trabalhos ou mescladas a outras variáveis e analisadas.

BATISTA, F. F.; QUANDT, C.O. Gestão do conhecimento na administração pública: resultados da pesquisa IPEA 2014 – práticas de gestão do conhecimento. Brasília: IPEA, 2015. DALKIR, K. Knowledge management in theory and practice. Burlington: Elsevier, 3. Ed. 2013. MISRA, D. Ten Guiding Principles for Knowledge Management in E-Government in Developing Countries. In: First International Conference on Knowledge Management for Productivity and competitiveness. New Delhi: National Productivity Council, 2007.