Resumo

Desde o século XX as mulheres vivem lutas importantes para sua independência e participação na sociedade. E graças à essa trajetória, as mulheres já têm grande participação no mercado de trabalho e no empreendedorismo (Dourado, 2016). No entanto, vários fatores impactam na trajetória profissional da mulher, dentre eles, a falta de flexibilidade do mercado de trabalho (Ekinsmyth, 2013). Ademais, como sugere Agarwal e Lenka (2015), as mulheres muitas vezes decidem por empreender para conseguir balancear seu papel profissional com o papel pessoal, e de certa forma, terem maior controle.

Como objetivo dessa pesquisa avaliaremos de que maneira a maternidade influencia na decisão dessas mulheres em empreender, e se ocorre uma evasão do mercado de trabalho por conta da maternidade. Assim, responder à pergunta de pesquisa: a maternidade é um fator que motiva mulheres a empreenderem e saírem do mercado de trabalho?

Com as mudanças da dinâmica familiar ao longo dos anos, assim como os valores centrais da sociedade, os acordos se dão de forma diferente do que era visto antigamente (Ceribeli & Silva, 2017; Mcclelland et al., 2005). As mulheres decidem ter filhos ou não, assim como se irão priorizar a carreira ou não, embora um aspecto se relacione ao outro de forma recorrente (Ekinsmyth, 2013). Ademais, é sabido que embora tenham conseguido espaço no mercado de trabalho, ainda existe um distanciamento deste com as mães, que pode ser percebido pela falta de empatia e flexibilidade (Ceribeli & Silva, 2017).

A pesquisa tem como abordagem escolhida a qualitativa de caráter descritivo do tipo survey. Foi aplicado o método de análise de conteúdo de Bardin (2011). Primeiramente, estruturou-se um questionário, com base no referencial teórico de pesquisa juntamente com questões elaboradas pelas pesquisadoras, para ser aplicado de forma online. As perguntas foram adaptadas de Reis (2018), Jonathan (2011), Ceribeli & Silva (2017) e McClelland et al. (2005). O link do questionário, via Google Forms, foi compartilhado com 150 mães empreendedoras de diferentes regiões do Brasil, via redes sociais.

Com relação a visão sobre o mercado de trabalho, diversas respondentes apresentam uma visão negativa perante a relação mercado de trabalho e maternidade, destacando a existência de preconceitos e discriminações que se iniciam no processo seletivo. No âmbito do empreendedorismo, diversas respondentes trazem a questão de não ter encontrado outra saída senão o empreendedorismo, enquanto outras afirmam que o mercado não foi justo com elas, e por esse motivo começaram a empreender. Uma das principais queixas foi a falta de flexibilidade do mercado de trabalho.

Com os resultados obtidos, o empreendedorismo pode ser visto como uma opção relevante para mulheres que se tornaram mães, para continuarem exercendo seu papel profissional e terem uma renda para sustentarem e/ou contribuírem com a renda da família. Foi possível notar que existe uma influência da maternidade na decisão de empreender. No entanto, essa influência está atrelada ao mercado de trabalho, pois tanto o papel de mãe quanto as condições não favoráveis do mercado, acabam deixando-as sem opção.

Agarwal, S., & Lenka, U. (2015). Study on work-life balance of women entrepreneurs – review and research agenda. Industrial and Commercial Training, 47(7), 356–362. https://doi.org/10.1108/ICT-01-2015-0006 Buttner, E. H., & Moore, D. P. (1997). Women‟s Organizational Exodus to Entrepreneurship: Selfreported Motivations and Correlates with Success. Journal of Small Business Management, 35(1). Ekinsmyth, C. (2014). Mothers’ business, work/life and the politics of ‘mumpreneurship.’ Gender, Place and Culture, 21(10), 1230–1248. https://doi.org/10.1080/0966369X.2013.817975