Resumo

A economia circular pode ser vista como um caminho para resolver os desafios da sustentabilidade (BURKE; ZHANG; WANG, 2021), possibilitando mudanças para o uso de energia renovável, a eliminação do uso de produtos químicos, que prejudicam a reutilização, além de possibilitar a eliminação de resíduos através de novos designs de materiais, produtos e modelos de negócios (EMF, 2013), abrindo caminho para alcançar a produção e o consumo sustentáveis (KORHONEN et. al., 2018).

O objetivo deste artigo é analisar, numa perspectiva ensaística, as perspectivas de transição para uma economia circular e o papel da inovação nesta transição. A perspectiva ensaística é, segundo Meneghetti (2011, p. 323), “a forma como são incubados novos conhecimentos, até mesmo científicos ou pré-científicos”. Para atingir este objetivo, foi realizada pesquisa bibliográfica sobre os temas da economia circular e inovação com a ideia de discutir como a economia circular e a inovação se relacionam, quais os principais desafios e possibilidades que envolvem essa relação.

Qualquer sistema baseado no consumo e não no uso restaurador de recursos não renováveis acarreta perdas significativas de valor e efeitos negativos para a cadeia de material (EMF, 2013), logo, é necessário reutilizar o que puder, reciclar o que não puder ser reutilizado, consertar o que está quebrado e remanufaturar o que não pode ser consertado (STAHEL, 2016). A inovação é um dos elementos da teoria do desenvolvimento econômico (RUTTAN, 1959), sendo fundamental para melhorias nos padrões de vida, afetando indivíduos, instituições, setores econômicos e países de várias maneiras (OECD, 2018).

A inovação possui papel crucial nas mudanças do mundo industrial e da sociedade, possibilitando mudanças desde o nível do modelo de negócio e gestão da cadeia de valor até soluções em termos operacionais (CNI, 2018), sendo essencial para transição para a economia circular, permitindo o surgimento de alternativas que possibilitem formas de eliminar o desperdício e a poluição (BURKE; ZHANG; WANG, 2021), uma vez que as tecnologias avançadas têm um papel fundamental na implementação de práticas de remanufatura e reciclagem (YU; UMAR; REHMAN, 2022).

Estimular a dissociação do crescimento econômico a partir de insumos de recursos virgens e finitos, reaproveitar os matérias e incentivar a inovação, aumentam o crescimento, reduz os danos ambientais e promove o desenvolvimento sustentável. Desta forma, a circularidade surge como uma forma de repensar a utilização dos recursos finitos, sendo um estímulo a inovação, e em contrapartida, as inovações funcionam como facilitadoras para a transição mais rápida e eficiente para uma economia circular.

ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. Towards the Circular Economy: economic and business rationale for an accelerated transition. Journal of Industrial Ecology, v. 1, 2013. KIRCHHERR, Julian; REIKE, Denise; HEKKERT, Marko. Conceptualizing the circular economy: An analysis of 114 definitions. Resources, Conservation and Recycling, volume 127, p. 221-232, 2017. KORHONEN, Jouni; HONKASALO, Antero; SEPPÄLÄ, Jyri. Circular economy: the concept and its limitations. Ecological Economics, volume 143, p. 37-46, 2018. STAHEL, Walter R. The circular economy. Nature, 531, p. 435–438, 2016.