Resumo

A pequena empresa auxilia na redução da desigualdade social e no alívio da pobreza. Ela possui forte apego com a localidade e permite às pessoas explorarem suas reais preferências. Muitas das pessoas por trás dessas empresas foram marginalizadas pelo sistema econômico atual, buscam melhorar seu estilo de vida anterior e/ou almejam um lugar na sociedade. Portanto, a pequena empresa pode auxiliar as pessoas a desenvolverem seus sensos de pertencimento social, levando-as ao florescimento humano, bem como trazer oportunidades para locais com pouca/nenhuma perspectiva de desenvolvimento.

A influência da inovação e da pequena empresa no florescimento humano ainda é pouco compreendida, bem como sua relação com a localidade, mas pode gerar maior compreensão acerca de quais ações podem melhorar a realidade social de forma sustentada. Soluções fragmentadas, parciais ou pouco relacionadas com a realidade social posta podem reforçar desafios sociais persistentes e criar novos desafios, sendo preciso considerar a mudança transformadora e o empoderamento dos indivíduos. Assim, este artigo tem como objetivo compreender o papel da inovação e da pequena empresa no florescimento humano.

A fundamentação teórica discute o escopo teórico e delineamento conceitual em inovação e pequena empresa na pesquisa, e a relação entre inovação, pequena empresa e florescimento humano.

A estratégia de pesquisa adotada foi o estudo de caso múltiplo, conduzido em cinco pequenas empresas inseridas numa localidade pobre. Foram analisadas a trajetória de vida do gestor e a trajetória da empresa; as inovações desenvolvidas; e o florescimento humano a partir da relação do gestor e da empresa com a localidade. A unidade de análise foi o gestor/dono. As entrevistas foram gravadas e a transcrição foi feita por meio do software Sonix. Os documentos e as evidências visuais foram codificados para análise. Após a codificação, foi realizada a análise individual e entre casos.

Em relação à trajetória do gestor/dono e da empresa, foi observado um fluxo migratório do interior pouco desenvolvido para a capital pouco desenvolvida, mas com mais oportunidades, pelos gestores de origem humilde. Sobre as inovações geradas, todas as empresas desenvolveram inovações alinhadas e advindas das características locais. Em relação ao florescimento humano, as pequenas empresas permitiram aos gestores/donos senso de pertencimento social, figurado nos sentimentos de vencer na vida, crescer, contribuir com a sociedade, empoderamento e inclusão.

A pequena empresa possui forte vínculo com o gestor e com a localidade e que as inovações geradas por essas empresas possibilitam organizações mais bem estruturadas e o desenvolvimento das capacidades dos indivíduos. Contextos locais pouco desenvolvidos não oferecem muitas possibilidades de desenvolvimento humano, mas podem ser um campo fértil para ações dentro da localidade. Isso porque em localidades pobres pequenas ações geram maior impacto que em localidades mais desenvolvidas.

HENREKSON, M. Entrepreneurship, innovation, and human flourishing. Small Business Economics, vol. 43, n. 3, 2014. HOQUE, N.; KHAN, M. A.; MOHAMMAD, K. D. Poverty alleviation by Zakah in a transitionaleconomy: a small business entrepreneurial framework. Journal of Global Entrepreneurship Research, vol. 5, n. 1, 2015. SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. trad. Laura Teixeira Motta; rev. téc. Ricardo Doninelli Mendes. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.