Resumo

A sociedade, nos últimos anos, avançou nas discussões sobre o consumismo e suas consequências, buscando uma nova perspectiva, em que a cooperação e interação social entre os indivíduos são almejadas para promover melhores práticas de consumo. Assim, observa-se a nível global, um aumento considerável na consciência das pessoas em relação ao bem estar animal, refletindo em suas escolhas diárias (GRAPPE et al., 2021). Contudo, no cenário brasileiro e na américa do sul há pouca informação ou estudos foram conduzidos neste sentido (FRANCO et al., 2018).

Neste artigo, questiona-se: Qual a influência de produtos com selo de “não testados em animais” na atitude e intenção comportamental dos consumidores em relação ao consumo de produtos cosméticos à luz da teoria do comportamento planejado? Neste sentido, o objetivo deste artigo é analisar a influência de produtos com selo de “não testados em animais” na atitude e na intenção comportamental dos consumidores em relação ao consumo de produto cosmético à luz da teoria do comportamento planejado.

A Teoria do Comportamento Planejado (TCP) surge no âmbito da psicologia social, sendo amplamente utilizada para compreender o comportamento e as decisões de compra dos consumidores, empregando modelos conceitualmente simples, mas com resultados robustos. De acordo com a TCP, há três fatores principais para se analisar o comportamento de um indivíduo: a atitude em relação a um determinado comportamento; as normas subjetivas de um sujeito; e o controle comportamental percebido (AJZEN, 1991).

Este é um estudo de abordagem quantitativa, com método quase experimental, em que foi aplicado questionário para os dois grupos estudados (grupo controle, apresentando um produto sem o selo de “não testado em animais”, e grupo experimental, com o selo). As escalas foram adaptadas de outros estudos, os itens foram tipo likert de 5 pontos. Após a coleta de dados, foi realizada uma análise fatorial exploratória, análise fatorial confirmatória e modelagem de equações estruturais com o auxílio de softwares estatísticos.

Todas as variáveis se mantiveram no mesmo grupo teórico, com níveis satisfatórios nos indicadores das análises fatoriais. Para a avaliação do modelo de mensuração, os construtos apresentaram validade convergente, discriminante e confiabilidade. Na avaliação do modelo estrutural, 4 das 9 hipóteses testadas não foram suportadas. Quanto ao f², o tamanho de efeito foi considerado pequeno, e o R² ajustado foi de 20,4% para a atitude e 38,7% para intenção de compra no grupo controle, já no grupo experimental foi de 30,6% para a atitude e 28,7% para intenção de compra do produto estudado.

Após a análise dos resultados, percebe-se que as dimensões que mais tiveram influência na intenção de compra do produto estudado foram a atitude em relação ao produto estudado e a consciência do indivíduo em relação aos cuidados com o bem estar animal. Dessa forma, esta atenção e preocupação voltada ao consumo de produtos cosméticos cruelty-free são inerentes de cada indivíduo, isto é, as normas sociais e opiniões exteriores pouco afetam sua intenção de compra. Como limitação de pesquisa, destaca-se que a amostra deste estudo pode ser considerada pequena e localizada.

AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991. FRANCO, B. M. R.; SOUZA, A. P. O.; MOLENTO, C. F. M. Welfare-friendly Products: availability, labeling and opinion of retailers in Curitiba, Southern Brazil. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 56, p. 9-18, 2018. GRAPPE, C. G.; LOMBART, C.; LOUIS, D.; DURIF, F. “Not tested on animals”: how consumers react to cruelty-free cosmetics proposed by manufacturers and retailers?. International Journal of Retail & Distribution Management, 2021.