Resumo

Embora a gestão da diversidade tem sido colocada em destaque nos últimos anos, ficando evidente que existem iniciativas importantes para transformar as organizações em locais de trabalho mais justos e inclusivos, a gestão da diversidade nem sempre se traduz em profundas mudanças nas práticas ou na memória organizacional. Para isso, estudos enfatizam o papel da aprendizagem organizacional na gestão da diversidade e a pertinência da análise de aprendizagem organizacional sob a perspectiva baseada em prática.

Considerando que a adoção de práticas voltadas a gestão da diversidade é importante à produção do conhecimento e à promoção da aprendizagem organizacional, tem-se como objetivo deste estudo compreender a relação de práticas de gestão da diversidade na aprendizagem organizacional, sob a lenta da perspectiva social. Confirma-se a relevância e a necessidade de pesquisas com a intersecção dos dois temas por meio da realização de uma revisão sistemática da literatura, deste modo, ficando evidentes as lacunas de pesquisa, inclusive sob a perspectiva social.

A gestão da diversidade com práticas organizacionais planejadas tende a criar uma maior inclusão de todos as pessoas na organização, independentemente de sexo, idade, etnia ou qualquer outra diferença. Na busca pela construção de um ambiente organizacional mais plural e diverso, Bueno e Freitas (2018) concluem que as interações interculturais enriquecem o cotidiano de trabalho e geram aprendizagem individual e organizacional. Nesse contexto, na perspectiva social, a aprendizagem organizacional é entendida como uma realização prática que ocorre nos processos de interação no cotidiano.

Esta pesquisa classifica-se como um estudo de caso múltiplo e é classificada como exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa. Os participantes da pesquisa são os trabalhadores de duas empresas selecionadas do ramo da tecnologia e inovação e que compõem os diversos setores e níveis hierárquicos desde a área de gestão até a área operacional. A entrevista, o grupo focal e a pesquisa documental foram utilizadas como técnicas de coleta de dados, facilitando a triangulação deles, os quais foram analisados por meio da análise de conteúdo de Bardin (2016), com o auxílio do software Iramuteq.

Os dados empíricos são analisados sob a ótica de duas categorias analíticas: 1) políticas e práticas organizacionais voltadas a diversidade e inclusão e 2) as práticas de aprendizagem na perspectiva social, relacionadas à diversidade e inclusão. Na primeira categoria são identificadas, descritas e analisadas as práticas voltadas à diversidade e inclusão das empresas pesquisadas. Na segunda, sob a perspectiva social, evidências comprovam que as práticas de aprendizagem individuais conduzem à aprendizagem coletiva em nível organizacional, as quais são impactadas pela gestão da diversidade.

Ao utilizar-se uma perspectiva social para a aprendizagem, possibilitou-se ir além das experiências individuais de práticas de diversidade e analisar como os indivíduos utilizam o conhecimento sobre diversidade e como integram seus novos conhecimentos em suas práticas organizacionais do dia a dia, possibilitando mudança organizacional em direção à diversidade e à real inclusão, além de possibilitar a aprendizagem organizacional. Os resultados confirmam a ocorrência de aprendizagem organizacional influenciada pelas práticas de gestão da diversidade, à luz da perspectiva social.

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