Resumo

Para Dwyer e Kim (2003) a competitividade não é o objetivo final, mas um objetivo intermediário para se alcançar o progresso social no destino. O progresso social é a capacidade de uma sociedade atender às necessidades humanas básicas de seus cidadãos, estabelecer os elementos que permitem às comunidades melhorar e sustentar a qualidade de vida de seus habitantes, criando condições para que todos alcancem seu pleno potencial (Porter et al., 2017).

Apesar das definições e modelos seminais de competitividade turística serem voltados para o progresso social, a literatura existente pouco se dedicou ao longo dos anos aos aspectos sociais de bem-estar dos residentes e do progresso social. Uma nova abordagem para uma percepção de desenvolvimento de destinos "beyond GDP" está surgindo na literatura. O presente estudo se justifica por oferecer um avanço neste campo. O objetivo da pesquisa foi analisar a produção científica de competitividade turística e progresso social.

A literatura mais recente sobre competitividade turística apresenta diversos aspectos que corroboram com a perspectiva de progresso social, dentre elas a melhoria do bem-estar dos residentes (Blanco-Cerradelo et al., 2018; Dwyer et al., 2012), da qualidade de vida (Aquilino et al., 2019; Croes & Kubickova, 2013 Uysal & Sirgy, 2019), da prosperidade social, econômica e ambiental (Armenski et al., 2018; Boes et al., 2016; Xiao, 2021), do desenvolvimento humano (Croes et al., 2020, 2021; Panse et al., 2021), preservação da cultura e da história local (Alves & Ramos Nogueira, 2015).

O presente estudo verificou a significância da perspectiva social da competitividade turística através da análise da sua relação com os indicadores de bem-estar dos residentes. O estudo realça a aproximação dos indicadores da vertente social da competitividade turística com as dimensões do progresso social, como um reflexo do framework proposto. A competitividade turística enquanto fator que contribui para geração de progresso social em destinos apresenta-se como um tópico recente na literatura (Dwyer, 2020) e contribui para a agenda de pesquisa na perspectiva “Beyond GDP”.

Os achados deste estudo contribuem com a literatura do campo ao oferecer uma síntese dos conceitos que estão presentes tanto na pesquisa de competitividade turística, quanto na de progresso social. Os resultados possibilitam indicar que novos modelos de medida da competitividade devem ser formulados baseados na visão do bem-estar da comunidade impactada pelo turismo, ou seja, uma nova versão de competitividade turística não mais baseada em produtividade, mas no social.

Blanco-Cerradelo, L., Gueimonde-Canto, A., Antonio Fraiz-Brea, J., & Isabel Dieguez-Castrillon, M. (2018). Dimensions of destination competitiveness: Analyses of protected areas in Spain. JOURNAL OF CLEANER PRODUCTION, 177, 782–794. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2017.12.242 Croes, R., Ridderstaat, J., & Shapoval, V. (2020). Extending tourism competitiveness to human development. ANNALS OF TOURISM RESEARCH, 80. https://doi.org/10.1016/j.annals.2019.102825 Dwyer, L. (2020). Tourism development and sustainable well-being: A Beyond GDP perspective. Journal of Sustainable Tourism, 1–18.