Resumo

Título do Artigo

DESIGUALDADES DE GÊNERO, INTERSECCIONALIDADE E TEORIA QUEER: (in)visibilidades e novas possibilidades de existência de mulheres empreendedoras negras brasileiras
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Palavras Chave

Desigualdades de Gênero
Interseccionalidade
Empreendedorismo

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Amanda Soares Zambelli Ferretti
FUCAPE Business School - Vitória
2 - Eloisio Moulin de Souza
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Departamento de Administração

Reumo

A hegemonia de homens nos empreendimentos tende a provocar uma reflexão sobre os aspectos sociais contemporâneos que reforçam a normalização de discursos que criam desigualdades invisíveis nas práticas de trabalho (Vilela, Hanashiro & Costa, 2020). Apesar da existência de pesquisas sobre desigualdades nas organizações (Amis et al., 2020; Amis et al., 2018; Suddaby et al., 2018; Bapuli et al., 2020), há uma oportunidade de compreender as desigualdades de gênero considerando os aspectos interseccionais, tais como a influência dos aspectos de classe, raça e sexualidade, para citar alguns.
Romero e Valdez (2016) sugerem que estudos interseccionais aplicados ao empreendedorismo devem ir além do aspecto unidimensional relacionado à perspectiva econômica individual, indo para a compreensão das múltiplas identidades e complexidades sobre o que significa se tornar um empreendedor. Este artigo tem o objetivo de compreender como as invisibilidades das desigualdades são influenciadas prioritariamente pela interseccionalidade de gênero e de raça, ao analisar as possibilidades de existência de mulheres negras empreendedoras em negócios tradicionalmente dominados por homens.
Interseccionalidade e desigualdade de gênero: marcadores sociais, atravessamentos discursivos e as consequências para o empreendedorismo: A base da desigualdade nas organizações varia, embora os processos de classe, gênero e raça geralmente estejam presentes. Amis et al. (2018) demonstram que esses processos onde as desigualdades são ocultadas e até mesmo aceitas ocorrem de várias maneiras. Queering a economia, queering business: compreensões alternativas de gênero e empreendedorismo por meio da teoria queer.
Foram realizadas entrevistas em profundidade envolvendo 14 mulheres empreendedoras negras brasileiras na região Sudeste do Brasil. Técnicas de análise de discurso foucaultianas foram empregadas para analisar os dados. e surgiram duas grandes categorias. Cada participante foi entrevistada individualmente e adotou-se uma abordagem exploratória, as perguntas da entrevista foram amplas e abertas, com ênfase nas participantes conduzindo os autores por avenidas de discussão de sua escolha. O processo de tratamento dos dados ocorreu por três etapas de codificação.
Duas categorias de análise emergiram a partir dos resultados. A primeira considera a interseccionalidade e os aspectos de raça e de classe como fundamentais para a compreensão das desigualdades e invisibilidades de gênero enfrentadas por mulheres negras empreendedoras brasileiras quem atuam em empreendimentos dominados por homens. A segunda categoria diz respeito ao uso do termo queer como verbo, ação, queering empreendedorismo, por meio de três perspectivas sugeridas por McWhorter (2012) para tornar queer aspectos econômicos.
Quando se fala em mulheres empreendedoras negras, é fundamental discutir os atravessamentos discursivos que permeiam o empreendedorismo dessas mulheres. Pullen, Lewis e Ozkazanc-Pan (2019) consideram que os estudos de gênero em abordagens das teorias feministas devem direcionar esforços para pesquisas que mostrem a perspectiva das mulheres como sujeitos reais de suas histórias coletivas em detrimento das Mulheres como construção cultural que as posiciona como o Outro através dos discursos dominantes.
Acker, J. (2006). Inequality regimes: Gender, class, and race in organizations. Gender & Society, 20(4), 441-464. Akotirene, C. (2018). Interseccionalidade. Pólen Produção Editorial LTDA. Amis, J.M., Mair, J., & Munir, K.A. (2020): “The organizational reproduction of inequality.” Academy of Management Annals, 14 (1), 195–230. Amis, J.M., Munir, K.A., Lawrence, T.B., Hirsch, P., & McGahan, A. (2018): “Inequality, institutions and organizations.” Organization Studies, 39 (9), 1131–1152.