Resumo

Título do Artigo

Dívida Pública e Endividamento Corporativo: Existe um Efeito de Crowding Out no Brasil?
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Palavras Chave

Estrutura de Capital
Dívida Pública
Crowding Out

Área

Finanças

Tema

Estrutura de Capital, Dividendos e Fusões e Aquisições

Autores

Nome
1 - Carlos Stahlhoefer Hoerlle
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - São Paulo
2 - Eduardo Kazuo Kayo
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Departamento de Administração

Reumo

Tradicionalmente a linha de pesquisa sobre estrutura de capital considera o impacto das características individuais das empresas como determinantes da escolha entre dívida e capital próprio. Recentemente, trabalhos recorreram a fatores relacionados às condições de mercado como fatores macroeconômicos, disponibilidade de recursos como determinantes adicionais desta escolha. Dentro deste contexto, este analisa uma variável adicional que influencia na disponibilidade de recursos disponíveis na economia: a dívida pública.
O objetivo deste trabalho consiste em estudar para o Brasil como o aumento da dívida pública federal impacta no endividamento corporativo. A nossa hipótese central, é de que existe uma relação inversa entre a dívida pública federal e o endividamento corporativo.
A fundamentação teórica deste trabalha se baseia em trabalhos teóricos sobre a condução da dívida pública (Friedman 1978) e o impacto da disponibilidade de recursos sobre as captações (Baker, 2009). Com base nesta literatura, alguns autores no contexto internacional exploraram a relação deste ramo do conhecimento com o que estuda a decisão sobre estrutura de capital pelo lado de finanças corporativas (Graham et al. 2012). A proposição principal é que em mercados segmentados, a curva de oferta de recursos não é perfeitamente elástica ocorrendo um deslocamento entre instrumentos financeiros.
Para analisar empiricamente a relação entre dívida pública e privada, propõe-se um modelo econométrico com empresas abertas brasileiras entre 2002 e 2020. Trabalha-se com dados agregados e individuais para todas as empresas com informações disponíveis na base da Economatica. O modelo proposto é estimado através de dados em painel com efeitos fixos, com a variável independente sendo o endividamento privado (dívida total sobre ativo total) e a variável explicativa o endividamento público (dívida pública total sobre ativo total).
Os resultados obtidos na análise descritiva e estatística indicam uma relação negativa entre o endividamento público e privado. Este efeito tende a ser mais acentuado para a parte da dívida com um prazo maior de vencimento. Apesar de considerarmos uma série de variáveis de controle, além de efeitos fixos os resultados ainda podem sofrer do problema de endogeneidade pois o aumento da dívida pública pode refletir piores condições econômicas, o que tende a reduzir a necessidade de dívida e, portanto, diminuir o endividamento privado.
Os resultados encontrados ao longo desta pesquisa vão na sua maioria ao encontro do que foi proposto em trabalhos internacionais (Demirci et al., 2019; Fan et al., 2012; Graham et al., 2014), sugerindo uma relação negativa entre o endividamento público e o privado. Este efeito tende a ser mais acentuado em dívidas com prazo mais longo (acima de um ano), possivelmente em decorrência de uma maior sobreposição e concorrência de investidores neste ponto da curva de maturidade.
Baker, M. (2009). Capital Market-Driven Corporate Finance. Annual Review of Financial Economics, 1(1), 181–205. Friedman, B. M. (1978). Crowding Out or Crowding In ? Economic Consequences of Financing Government Deficits. 1978(3), 593–641. Graham, J., Leary, M., & Roberts, M. (2014). How Does Government Borrowing Affect Corporate Financing and Investment? In NBER Working Paper (Vol. 53). https://doi.org/10.3386/w20581 Greenwood, R., & Vayanos, D. (2010). Price Pressure in the Government Bond Market. American Economic Review, 100(2), 585–590. https://doi.org/10.1257/aer.100.2.585