Resumo

Título do Artigo

CAMPO SOCIAL, CAPITAL E PODER DOS AGENTES SOCIAIS DO SETOR DE SEMENTES EM UM MUNICÍPIO DO SEMIÁRIDO NORDESTINO
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Palavras Chave

Capital
Organizações
Poder

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais

Autores

Nome
1 - Ednael Macedo Felix
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR) - FORTALEZA
2 - Fábio Schilling
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR) - PPGA

Reumo

Entender como se dão essas relações e disputas de interesses, para além de ser relevante em termos acadêmicos, também pode ser uma ação mercadológica estratégica, uma vez que os atores que constituem o tecido social dessas relações configuram uma espécie de campo, que nesse contexto pode ser entendido como um campo social. Como o setor agrícola é formado por distintos campos, com múltiplos atores sociais, é salutar iniciar a interligação conceitual entre a teoria bourdieusiana e a concepção organizacional do setor pelo campo social da produção de sementes, que engloba múltiplas organizações.
O trabalho parte da indagação: como os agentes do setor de sementes se posicionam na estrutura do campo social? Para isso, o trabalho aqui apresentado objetiva descrever como os agentes/atores do setor de sementes determinam suas posições na estrutura do campo social em um município do semiárido brasileiro, por meio de seus capitais. Tem como lócus de pesquisa o munícipio de Icó, localizado na região centro-sul do Ceará, que sempre teve na agricultura sua maior base história e econômica, tendo assumido por muito tempo a vanguarda da produção de milho e algodão no estado.
O texto toma por base os conceitos de campo social, doxa e habitus segundo Bourdieu (1989). As diferentes espécies de capital como diferentes formas de poder, forças ou trunfos dos agentes em disputa classificando-os em capital econômico, cultural e social (BOURDIEU, 1983; BOURDIEU, WACQUANT, 1992, apud, ROSA FILHO, 2007). Considera-se que todo campo social tende a obter daqueles que nele entram uma relação com o campo que chamada de illusio (BOURDIEU, 1996, p. 140), bem como a noção de o capital simbólico segundo Bourdieu (2013).
Pesquisa qualitativa básica, indutiva, com coleta de dados realizada em duas etapas: primeiro mediante dados secundários, selecionando informações disponíveis em sites e em documentos técnicos e oficiais, como à “pesquisa documental” (WOLFF, 2004). Depois com a coleta dos dados através de entrevista semiestruturada censitária realizada com os 14 agentes presentes no lócus de pesquisa, perfazendo aproximadamente oito horas de entrevistas.A análise dos dados se deu por meio de análise de conteúdo segundo Bardin (1979).
Constatou-se que os agentes ortodoxos usam o argumento da produtividade da semente certificada para defenderem sua posição. Para eles, a diferenciação entre uma semente certificada e uma semente crioula é sua produtividade, ao ponto que seria a semente crioula, incapaz de proporcionar produtividade. Os agentes heterodoxos argumentam pela intolerância a estiagem na região semiárida e a dependência que a semente certificada acarreta ao produtor. Essas posições tendem a se manter, já que os agentes não as subvertem em função do risco de perderem seu capital simbólico.
A posição dos agentes é resultado da incorporação do modo de atuação ao longo do tempo. Enquanto o pequeno produtor e seus movimentos de representação incorporam o modo hereditário de trabalho, resistindo assim ao poder emanado do mercado, esse último respaldado pelo Estado, detentor do poder de classificação impele ao setor agrícola a condição de concorrência e consequente busca por produtividade e eficiência. A posição desses agentes se mantém, indicando disposição do agente de fazer uso de seus capitais para manter sua posição.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979. BOURDIEU, P. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983. BOURDIEU, P. et al. O poder simbólico. Lisboa: Difel. 1989. BOURDIEU, P. Os três estados do capital cultural. In: NOGUEIRA, M. A; CATANI, A. (Org.). Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1979. p. 73-79 (3. ed., 2001a). BOURDIEU, P. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Papirus Editora, 1996. BOURDIEU, P. Capital simbólico e classes sociais. Novos Estudos-CEBRAP, n. 96, p. 105-115, 2013.