Resumo

No contexto pandêmico da Covid 19, as organizações têm enfrentado desafios de toda a natureza em seus negócios, desde socioeconômicos, como políticas de lockdown e redução das vendas. Uma resultante desse contexto é o aumento do desemprego, a suspensão temporária do trabalho ou redução salarial, o regime homeoffice, obrigando os trabalhadores a laborarem em casa ao mesmo tempo que cuidam da casa e dos filhos, causando o presenteísmo (trabalhar doente) com consequências para a saúde mental e produtividade no trabalho.

Analisar a influência do presenteísmo na produtividade, bem como o papel moderador-mediador da saúde mental dos trabalhadores nesta relação, durante uma manifestação contagiosa, como o da pandemia do Covid-19. Para tanto, essa discussão se ancora nas lentes das Teorias da Conservação e da Autodeterminação.

Foi proposto um modelo conceitual com cinco hipóteses: O presenteísmo com foco na conclusão do trabalho (a) e com foco na evitação das distrações (b) influencia positivamente a produtividade dos funcionários (H1); e a saúde mental dos funcionários (H2). A saúde mental dos funcionários influencia de forma positiva a produtividade deles (H3). A saúde mental dos funcionários modera (fortalece) (H4) e medeia (H5) a relação entre o presenteísmo com foco na conclusão do trabalho (a) e com foco na evitação da distração (b) e a produtividade dos funcionários.

Foi feita uma pesquisa quantitativa com corte transversal e dados primários, abrangendo uma população representada por servidores públicos e empregados da iniciativa privada que tivessem tido algum problema de saúde ao longo da pandemia Covid 19. A amostra final foi de 308 participantes e os dados foram analisados por meio da técnica da modelagem de equações estruturais utilizando o SmartPLS e observando os critérios de 300 subamostras e 10.000 iterações.

Todas as hipóteses foram suportadas, com exceção das hipóteses (H4a) e (H4b). Embora o resultado da hipótese (H4a) – a saúde mental dos funcionários modera (fortalece) a relação entre o presenteísmo com foco na conclusão do trabalho e a produtividade dos funcionários – tenha sido estatisticamente significativo, muda a direção; ou seja, enfraquece essa relação. Já a hipótese (H4b) – a saúde mental dos funcionários modera (fortalece) a relação entre o presenteísmo com foco na evitação da distração e a produtividade dos funcionários – não foi suportada.

As evidências indicam os efeitos positivos do presenteísmo na produtividade e na saúde mental dos funcionários. Também indicam o papel nodal da saúde mental dos funcionários na produtividade deles, quando decidem trabalhar doentes, pois, enquanto papel mediador eleva os impactos do presenteísmo, tanto com foco na conclusão do trabalho quanto na evitação da distração, na produtividade. Já no papel moderador, a relação entre o presenteísmo com foco na conclusão do trabalho e a produtividade é enfraquecida.

Koopman, C., Pelletier, K. R., Murray, J. F., Scharda, C.E., Berger, M.L., Turpin, R. S., ...& Bendel, T. (2002). Stanford presenteeism scale: health status and employee productivity. Journal of Occupational and Environmental Medicine, 44(1),14-20. Lam, R. W., Michalak, E. E., & Yatham, L. N. (2009). A new clinical rating scale for work absence and productivity: validation in patients with major depressive disorder. BMC Psychiatry, 3(12), 1-7. Lukat, J., Margraf, J., Lutz, R, Van der Veld, W. M., & Becker, E.S. (2016). Psychology proprieties of the Positive Mental Health Scale (PMH-scale). BM