Resumo

De acordo com Morgan (2006) e Pires e Macêdo (2005), a cultura de uma organização é construída a partir das interações da organização com o ambiente externo e, principalmente, se desenvolve a partir das interações sociais. Misoczky, Flores e Silva (2008) tomam movimentos sociais como organizações e, portanto, esta pesquisa se propõe a tratar sobre o movimento de Ecosol e sua cultura organizacional, especificamente no Fórum Municipal de Economia Solidária da cidade do Rio de Janeiro (FMES-RJ). Tal espaço de participação é um instrumento de articulação da sociedade civil com a esfera pública.

Problemática: a cultura organizacional criada a partir das interações sociais entre os integrantes do FMES-RJ converge com os valores e ideais da Economia Solidária? . O objetivo do estudo é apresentar a cultura organizacional do movimento de Economia Solidária, tendo em vista os participantes do Fórum Municipal de Economia Solidária da cidade do Rio de Janeiro (FMES – RJ). Busca-se: (a) definir Economia Solidária e espaços de participação popular; (b) abordar o conceito de cultura organizacional, (c) descrever o FMES-RJ e levantar possíveis traços culturais dessa forma organizacional.

A fundamentação se propôs a discutir as principais ideias e princípios sobre Economia Solidária como movimento social (SINGER, 2002a; 2002b) e espaços de participação social. Além disso, trouxe o conceito de Cultural organizacional, tomando os movimentos sociais como organizações (MISOCZKY, FLORES; SILVA, 2008), mais especificamente o movimento de Economia Solidária. Por fim, buscou-se trazer informações específicas sobre o Fórum Municipal de Economia Solidária da cidade do Rio de Janeiro (FMES – RJ), objeto deste trabalho.

Este trabalho é de natureza qualitativa, tendo finalidade exploratória e descritiva (GIL, 2008; VERGARA, 2006). Como meios investigativos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica (GIL, 2008; VERGARA, 2006) realizada em artigos, livros e teses para discutir conceitos sobre mov. sociais, ecosol e cultura organizacional bem como pesquisa documental, por meio do Plano de Economia Solidária do município do Rio de Janeiro. Trata-se de um estudo de caso, que para o levantamento de dados em campo, foi incorporada a técnica da observação participante a partir de um curso ministrado para empreendedores.

Notou-se características e valores que permeiam alguns traços da cultura do movimento de ECOSOL no FMES-RJ, podendo citar o pouco envolvimento dos participantes nos espaços públicos, conflitos nas redes, distanciamento entre os membros e “burocratização” para os novos entrantes. Entretanto, esses valores relatados não estão de acordo com o que Singer (2002a, 2002b) aponta serem as principais características da Economia Solidária: cooperação, participação, democracia, autogestão. Sendo assim, notou-se que a cultura organizacional criada conflita com os valores ideias da Economia Solidária.

Notou-se que a cultura organizacional criada conflita com os valores e ideias da Economia Solidária, tendo em vista que alguns integrantes, ainda, se envolvem no movimento, mas não conseguem se desvencilhar dos interesses particulares em detrimento de interesses coletivos. Acredita-se que tal condição pode estar relacionada ao traço personalista que a sociedade brasileira carrega em virtude do seu legado histórico e a sua formação.

FÓRUM DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DO MUNICIPIO DO RIO DE JANEIRO (FMES-RJ). Regimento interno. 16 de julho de 2013. FREITAS, M. E. Cultura organizacional: grandes temas em debate. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 73-82, Jul./Set. 1991. SINGER, Paul. A economia solidária como ato pedagógico. In: Kruppa , Sonia M. Portella (org.). Economia solidária e educação de jovens e de adultos. Brasília: Inep/MEC, p. 15-20. ____. Introdução à economia solidária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2002b.