Resumo

Título do Artigo

OS MOTORISTAS DE APLICATIVOS E A PANDEMIA COVID-19: estudo baseado na psicodinâmica do trabalho
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Palavras Chave

Motoristas de aplicativos
Pandemia COVID-19
Psicodinâmica do trabalho

Área

Gestão de Pessoas

Tema

A Gestão de Pessoas diante da COVID-19

Autores

Nome
1 - Janaína Martins dos Reis
Centro Universitário Unihorizontes - MG - Santo Agostinho
2 - Luciano Zille Pereira
Centro Universitário UNIHORIZONTES - Administração

Reumo

No trabalho dos motoristas de transporte individual de passageiros por aplicativos, as empresas atuam por meio de plataforma digital utilizando da tecnologia para oferecer conforto ao consumidor e ganhos aos motoristas. Em contrapartida, a jornada de trabalho é intensiva e apresenta características de precarização do trabalho (ROGERS, 2017; FRITZEN, 2018). Por meio da Psicodinâmica do Trabalho, busca-se a compreensão do sofrimento e do prazer como consequências da relação conflituosa entre a organização do trabalho e o funcionamento psíquico dos indivíduos (DEJOURS; BARROS; LANCMAN, 2016)
Diante da emergência sanitária por que passa o mundo a pandemia os surtos da doença COVID-19, que pode causar síndrome respiratória aguda grave, entre outras manifestações. Dessa forma, o trabalho dos motoristas por aplicativo tornou-se um grande desafio, pela alta capacidade de contágio da doença, associado à taxa elevada de letalidade. Este estudo teve como objetivo, descrever e analisar o contexto do trabalho e o risco de adoecimento mental de motoristas de transporte por aplicativos no enfrentamento à pandemia da COVID-19, na região metropolitana da cidade de Belo Horizonte/MG.
Segundo Dejours; Barros e Lancman (2016) existem uma lacuna entre o trabalho prescrito e o real, na qual a previsibilidade é quebrada pela ocorrência de eventos adversos, como imprevisibilidade, acidentes, avarias, perdas, entre outras, capazes de desviar o curso do processo. O trabalhador passa a buscar soluções, preenchendo as lacunas entre o prescrito e o trabalho efetivamente realizado, sobretudo, exercendo a criatividade. A organização do trabalho apropriar-se da exploração do sofrimento do trabalhador, retirando sua capacidade de inventar e criar, enfraquecendo o sentido do trabalho.
Estudo descritivo, de abordagem qualitativa por meio de estudo de caso. A unidade de análise foi o risco de adoecimento mental dos motoristas por aplicativos, a unidade de observação às empresas de aplicativo e os sujeitos os motoristas pesquisados que atuam na unidade de observação. A coleta de dados foi realizada com base no registro do diálogo de 123 motoristas por aplicativos, por meio de mensagens escritas e áudios gravados, obtidas junto a um grupo no Whatsapp. Foi realizada análise de conteúdo utilizando-se do software de análise qualitativa Maxqda Analytics Pro 2020.
Quanto à organização do trabalho, adoção de medidas tomadas pelas empresas para combater o Coronavírus: uso de máscaras, limite de três passageiros por viagem e desinfecção regular dos veículos. Em relação ao custo humano no trabalho, foram identificados aspectos relativos aos custos cognitivo, físico e afetivo. As vivências de prazer se limitaram ao reconhecimento pelo governo federal na concessão do auxílio emergencial. As vivências de sofrimento foram, relacionadas ao medo de ser assaltado e contaminado pelo COVID-19. As estratégias de defesa foram de caráter individual e coletivo.
Sugere-se que as empresas que atuam em plataformas digitais de mobilidade, procurem a abertura de diálogo e compartilhem informações atribuindo mais autonomia e reconhecimento aos motoristas que são parte essencial deste negócio. As estratégias utilizadas para prevenir a transmissão do COVID-19 terão maior eficácia se forem construídas e validadas com a participação dos motoristas.
DEJOURS, C. Psicodinâmica do trabalho: casos clínicos. Porto Alegre – São Paulo: Dublinense, 2017. DEJOURS, C.; DUARTE, A. La souffrance au travail: révélateur des transformations de la société française. Modern & Contemporary France, v. 26, n. 3, 2018. LÓPEZ, L., RODÓ, X. The end of social confinement and COVID-19 re-emergence risk. Nat Hum Behav (2020). ROGERS, B. The social costs of Uber. Chicago Unbound, v.82, n.85, 2017. ROSENBLAT, A; STARK, L. Algorithmic labor and information asymmetries: A case study of Uber’s drivers. International Journal of Communication, v.10, n, 27 2016.