Resumo

Título do Artigo

Algocracia e a racionalidade Neoliberal: Uma reflexão a partir da greve dos entregadores de aplicativos
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Palavras Chave

Coronavirus
Algocracia
Neoliberalismo

Área

Estudos Organizacionais

Tema

COVID-19, Organizações e Sociedade

Autores

Nome
1 - Ianaira Barretto Souza Neves
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - São Paulo
2 - BRUNO SUTIL
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - Sao Paulo

Reumo

O cenário extremo de isolamento social, popularmente nomeado como “quarentena do coronavírus”, alavancou a popularidade e dependência do consumo aos serviços de entregas delivery. Os vulneráveis profissionais do modelo neoliberal da economia se tornam, cada vez mais, essenciais para os comerciantes e para a população confinada.
À luz das reflexões de Foucault em Nascimento da Biopolítica (2004), os filósofos, sociólogos e pesquisadores Pierre Dardot e Christian Laval discutem a racionalidade neoliberal como modelo de interação social baseado na concorrência, produzindo, assim, um “neossujeito”. Sendo a racionalidade um modelo de intervenção sobre um determinado contexto, há uma estreita relação entre a racionalidade neoliberal e a racionalidade algorítmica e emergem perguntas sobre como os algoritmos podem remodelar o controle organizacional e como esse fenômeno está requalificando a execução da gestão neoliberal.
Algocracia é modelo de governança pelo algoritmo, sendo como uma evolução na forma de execução de poder, com o controle fluindo agora para os computadores e para quem os programa e os administra (Aneesh, 2009). A construção do “sujeito neoliberal”, “sujeito empresarial” ou “neossujeito” - que compreende seu papel como empresa de si mesmo e a ultrassubjetivação dessa lógica - aparecem como traço embrionário do modelo de dominação neoliberal (Dardot e Laval, 2010). Com a algocracia, a arte de conduzir condutas ganha ferramenta tecnológica na manipulação desse “saber algorítmico”.
Neste ensaio, buscaremos discutir os principais aspectos da gestão por algoritmos, entendendo-a como uma roupagem neoliberal inovadora no controle da relação laboral. Não buscamos respostas absolutas, mas, sim, compreender a importância e a conexão entres os temas na formação do conhecimento, fomentando reflexões mais profundas. O modelo de gestão por algoritmo, tendo a atividade de entregar de aplicativo como uma das suas possíveis manifestações de exemplo de exercício do poder, seria a efetivação plena de uma gestão neoliberal e da condição foucaultiana de empresário de si.
O modelo neoliberal, no ápice da consolidação da nova razão do mundo, utilizou o Estado como instrumento de legitimidade e, engendrando a noção governamentalidade, criou um microempresario que ao invés de utilizar roupa social e notebook, tem como armadura o capacete de motocicleta e uma mochila de entregador de delivery e reproduz o discurso da liberdade.
Aneesh (2009). Sociological Theory; Curchod et al (2019). Administrative Science Quarterly; Danaher, J. (2016). The threat of algocracy: Reality, resistance and accommodation. Philosophy & Technology; Dardot e Laval (2010) ; Faraj et (2018). Information and Organization; Fleming, P. (2017). The Human Capital; Hoax (2006) Organization Studies; Foucault, M. (2004); Gulliford et al (2019). Strategic HR Review; IFOOD. (2020). Termos e condições de uso; Kellogg et al (2020). Academy of Management Annals; Zuboff, S. (2015).