Resumo

O mundo vive um momento ímpar na História, com a COVID – 19, que surgiu na China em dez/2019. Neste cenário as atividades econômicas sofreram um abalo, resultando em demissões, reduções de carga horária e fechamento de negócios. O Turismo não ficou ileso, com cancelamentos de viagens e eventos. Na China, foram estimadas perdas na ordem de US$ 25 a US$ 50 milhões no turismo (HAMID et al. 2020). A UWTO estimou que a pandemia causaria a redução da chegada de turistas internacionais de 1 a 3%, comparada a 2019, em contraposição da estimativa de 3 a 4% de crescimento (GÖSSLING, et al. 2020).

Este artigo tem como questão: “Quais as razões para realizar viagens pós fim da pandemia do Novo Coronavírus?” É relevante entender o comportamento do turista frente à um novo contexto, quanto a escolhas de viagens (ZENKER, KOCK, 2020). Como contribuição esta permitirá que as organizações do segmento planejem estratégias de atração a partir da identificação das necessidades do público-alvo a fim de adaptar a sua oferta à demanda, já que o setor de Hospitalidade pode contribuir com a recuperação da economia (HIGGINGS-DESBIOLLES, 2020).

Há uma vinculação entre momento sócio-histórico, com as motivações para a atividade turística. O Turismo foi afetado pelo COVID-19em suas relações econômicas, sociais e culturais (HIGGINGS- DESBIOLLES, 2020). No segmento, as motivações são razões e influencias que fazem com que o indivíduo busque um destino e realize uma viagem (SWARBROOKE; HORNER, 2002), Maslow (1943) ordena as necessidades humanas em uma pirâmide, sendo que as básicas necessitam de satisfação para garantir a sobrevivência do indivíduo e, nas mais elevadas, o indivíduo atinge o desenvolvimento pessoal e sua potencialidade.

A pesquisa tem abordagem descritiva, do tipo exploratória (VERGARA, 2000). O aspecto descritivo tem como objetivo apreender as características do que está sendo investigado e suas relações, especificamente as motivações relacionadas às viagens. Para obtenção das informações foi elaborado um questionário on-line na plataforma Google formulários com vinte e duas questões de múltipla escolha e uma questão aberta, enviado pelo WhatsApp. Os participantes foram identificados por amostragem não probabilística, de acordo com a conveniência das pesquisadoras.

O participante é do sexo feminino, com idade acima de 40 anos, com pós-graduação, que atua profissionalmente em empresa privada ou como profissional liberal, é casado, residente em São Paulo e costuma viajar com os familiares. As necessidades fisiológicas e de segurança se apresentam como fator motivacional da amostra, relacionados à segurança, higiene e saúde que se conectam diretamente com o contexto (WACHYNI; KUSUMANINGRUM 2020). Este aspecto reforça a dinamicidade e a relação dos fatores pessoais do conceito de motivação (BERGAMINI, 1997; WU, ZHANG, FUJIWARA, 2011; PEREIRA, GOSLING, 2020).

Os resultados obtidos identificaram uma redução da intenção de viajar para destinos por motivação de Negócios e Compras em função da adoção do “home office” e do “e-commerce” e um crescimento do Turismo Desportivo e do Ecoturismo na busca de contato com a natureza e atividades ao ar livre. As motivações que mais se destacaram foram descanso, saúde, segurança, rever amigos e familiares e busca por destinos com variedade de atrações. No entanto, todos os níveis da escala de necessidades de Maslow e de McIntosh estiveram presentes nas respostas.

GÖSSLING, S., SCOTT, D. HALL, M.C. (2020): Pandemics, tourism and global change: a rapid assessment of COVID-19, Journal of Sustainable Tourism, 2020. HAMID, A. HOQUE, A., SHIKHA, F. A., HASANAT, M.W., ARIF, I. The effect of Coronavirus (COVID-19) in the tourism industry in China. Asian Journal of Multidisciplinary Studies, vol.3, n.1, 2020. MASLOW, A. H. A theory of human motivation. Psychological Review, v.50, p.376-390, 1943. ZENKERA, S.; KOCKB, F. The Coronavirus Pandemic – A critical discussion of a tourism reserch agenda. Tourism Management, v.81, 2020.