Resumo

O comportamento gerencial deve promover as adaptações a serem feitas em conformidade com as mudanças ambientais que ocasionem incertezas. Neste sentido, um tipo de comportamento que vem sendo motivo de estudos, face sua significância em associação com o desempenho, é a orientação empreendedora. Portanto, analisar a orientação empreendedora e a incerteza ambiental na percepção dos gestores de microempresas do ramo de pet shops adquire relevância tanto para academia quanto para os proprietários dessas empresas, que podem melhor avaliar essas relações com o desempenho.

O problema abordado buscou responder a seguinte pergunta de pesquisa: qual a relação entre orientação empreendedora e o desempenho organizacional sob a influência da incerteza ambiental em pet shops? Para tanto definiu-se como objetivo geral analisar a relação entre orientação empreendedora e o desempenho organizacional sob a influência da incerteza ambiental em pet shops.

O estudo empírico sobre a orientação empreendedora, que se constitui um fenômeno que reflete a capacidade de gestão eficiente em iniciativas proativas, teve como base Miller (1983). Para avaliar as características do ambiente organizacional que contribuem para a tomada de decisão diante da variável incerteza ambiental, adotou-se o modelo de Duncan (1972). O desempenho foi medido subjetivamente pela satisfação que as empresas têm respeito dos indicadores propostos. Friedrich, Bogono e Beuren (2020) esclarecem que os indicadores podem avaliar a situação da empresa no ambiente em que atua.

Optou-se pela abordagem quantitativa, sendo os dados coletados com questionários de autopreenchimento direcionado aos gestores dos pet shops via correio eletrônico com auxílio da ferramenta do Google Docs. A população esteve composta por 142 pet shops resultando em uma amostra de 112 respondentes. Os processamentos estatísticos feitos com os pacotes computacionais foram análise fatorial exploratória (AFE), análise de variância (Anova), de correlação e de regressão múltipla.

Os resultados evidenciaram que as correlações entre OE e desempenho, mensurado pelos escores fatoriais, foram positivas e significantes. As regressões para o desempenho utilizando as dimensões da OE e o ambiente, medido pela soma das médias da percepção de intensidade e frequência das mudanças, indicaram que ele influencia de modo positivo, conjuntamente com proatividade e assunção de riscos.

Como resposta à pergunta de pesquisa se concluir a partir dos dados da orientação empreendedora mostraram que as três dimensões do modelo de Miller (1983) associam-se a fatores diferentes, independentes entre si segundo o modelo fatorial. Nas Anovas, por outro lado, confirma-se que a percepção do ambiente que tenham os gestores influencia tanto as dimensões da OE quanto no desempenho. Por outra parte, se o ambiente for considerado dinâmico a sua relação é mais evidente com a proatividade, e for percebido como estático é a assunção de risco a mais relacionada.

Duncan, R. B. (1972). Characteristics of organizational environments and perceived environmental uncertainty. Administrative Science Quarterly, 17, 313-327. Friedrich, M. P. A., Bogoni, N. M, & Beuren, I. M. (2020). Reflexos das mudanças estratégicas no desempenho organizacional. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, 13(1), 190-214. Hair Jr., et al. (2009). Análise multivariada de dados. (6. ed.), Porto Alegre: Bookman. Miller, D. (1983). The correlates of entrepreneurship in three types of firms. Management Science, 29(7), 770-791.