Resumo

O contexto da pandemia da Covid-19 que está sendo vivenciada pelo mundo em 2019-2020 e a necessidade de isolamento social, trouxe a necessidade de uma rápida adaptação de muitas organizações para a modalidade de teletrabalho (Baert, Lippens, Moens, Weytjens, & Sterkens, 2020) e a tecnologia tornou-se peça fundamental para manter interações sociais e organizacionais ativas (Beaunoyer, Dupéré, & Guitton, 2020).

Diante do contexto surge a seguinte problemática: De quais formas os paradoxos de uso das tecnologias móveis para fins profissionais se manifestam no teletrabalho imposto pelo isolamento social?Considerando o contexto e problemática apresentados, esta pesquisa possui o objetivo geral de identificar de quais formas os paradoxos das tecnologias móveis utilizadas para fins profissionais se manifestam no teletrabalho imposto pelo isolamento social.

Ao mesmo tempo que a tecnologia móvel traz benefícios pessoais (como maior disponibilidade, organização, conectibilidade) e organizacionais (como aumento da produtividade e eficiência), a mesma também é evidenciada como geradora de prejuízos a saúde física e mental de seus usuários (technostress, violação de privacidade, dificuldade em separar vida pessoal e trabalho) (Baert et al., 2020; Messenger, 2019). Portanto, evidencia-se ambiguidades na relação entre usuários e tecnologias móveis, também conhecidas como paradoxos.

Para conduzir o estudo optou-se pela abordagem qualitativa, realizando um estudo de caso em um departamento de uma instituição que aderiu totalmente ao teletrabalho em meio ao isolamento social. As análises foram realizadas por meio de análise de conteúdo de 12 entrevistas semiestruturadas com funcionários e gestores do departamento.

Os resultados apontaram uma série de tecnologias móveis utilizadas para fins profissionais. Foram encontrados indícios de todos os paradoxos analisados e as listadas as estratégias utilizadas de resistência ou enfrentamento dos paradoxos.

Conclui-se que somadas às mudanças de rotinas e hábitos provocadas pelo contexto de isolamento social e de teletrabalho as tecnologias exigiram adaptações na forma de trabalho e comunicação das equipes. Com isso, os efeitos paradoxais da tecnologia se confundiram com os efeitos da nova realidade, como na existência de dificuldade na separação da vida familiar com a vida pessoal.

Baert, S., Lippens, L., Moens, E., Weytjens, J., & Sterkens, P. (2020). The COVID-19 crisis and telework: A research survey on experiences, expectations and hopes. IZA Discussion Paper, 13229, 1-35. Beaunoyer, E., Dupéré, S., & Guitton, M. J. (2020). COVID-19 and digital inequalities: Reciprocal impacts and mitigation strategies. Computers in Human Behavior, 106424. Messenger, J. C. (Ed.). (2019). Telework in the 21st Century: An Evolutionary Perspective. Edward Elgar Publishing. Mick, D. G., & Fournier, S. (1998). Paradoxes of technology: Consumer cognizance, emotions, and coping strategies.