Resumo

Título do Artigo

O USO DE SI DO AGENTE DE TRÂNSITO DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA/ES
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Palavras Chave

ERGOLOGIA
GUARDA DE TRÂNSITO
USO DE SI

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - Luana Sodré da Silva Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Campus Goiabeiras/VitóriaES

Reumo

Os estudos destes temas, conforme proposto pela ergologia, nos atentam para estas dimensões, às vezes pouco visíveis, do trabalho humano, que implica o entrecruzamento das formas de interação dos trabalhadores com o trabalho que executam e resulta em oportunidade de colaborar com a construção do conhecimento na referida área. Na busca pela compreensão desses valores, saberes, normas, dimensões menos aparentes na atividade e, muitas vezes, inconscientes para os trabalhadores, analisa-se a atividade de agentes de trânsito do município de Vitória, ES.
Nesse sentido, considerando as situações reais, as mobilizações, usos de si e renormalizações convocadas pela atividade, o objetivo deste artigo é compreender como os agentes de trânsito do município de Vitória, Espírito Santo, fazem usos de si, criam e mobilizam saberes, valores e experiências para realizar suas atividades de trabalho. O trabalho do agente de trânsito, apesar de ser prescrito por normas rígidas, apresenta um caráter imprevisível, uma vez que eles têm que se reinventar e utilizar de sua inteligência em diversas situações que emergem do cotidiano urbano para cuidar da segurança
De modo sucinto pode-se dizer que o prescrito é aquele trabalho a “ser feito”, definido de modo antecipado e externo como o trabalho deve feito, como métodos, procedimentos, ordens, regras O prescrito encontra-se no nível da tarefa. Há também o real, compreendido como aquilo que de fato acontece, o que é efetivamente feito para cumprir com a tarefa. O real encontra-se no nível da atividade. Assim, a tarefa é o prescrito pelas organizações e pela organização do trabalho, o que os trabalhadores devem fazer, enquanto a atividade é o que eles realmente fazem para alcançar o prescrito.
Esta pesquisa se caracteriza pela sua natureza qualitativa. A pesquisa qualitativa demonstra maior familiaridade com a proposta de pesquisa, permitindo entender os usos de si dos agentes de trânsito da guarda municipal de Vitória. Observação participantes em pontos da cidade, totalizando 15 horas de imersão no campo. Análise de dados por meio da grounded theory.
As escolhas são feitas e entrelaçam-se, ora para um uso de si por si – tornar a tarefa possível, por exemplo – ora por um uso de si pelos outros – não confundir pedestres e condutores. Ao fazer determinada escolha, a pessoa não justifica a si mesma os porquês entrelaçados nela, mas o faz porque essas escolhas são intuitivas para ela. É a coexistência da escolha consciente e da inconsciente, convocadas na atividade, que a abordagem ergológica chama de corpo-si.
A análise dos dados da pesquisa permitiu constatar que o trabalhador é um só - corpo si - e, ao ir trabalhar, leva consigo suas experiências, vivências tanto laborais quanto sociais, inquietações e aptidões, assim como interage, crua e se constrói no percurso de seu trabalho e de sua vida cotidiana. O ser humano não deixa em casa parte de si quando vai trabalhar. Se evoca por inteiro, interagindo com todos os aspectos do trabalho desde as gestões das nuances, dos detalhes, até as gestões das atividades, sempre existentes em qualquer processo de trabalho.
SCHWARTZ, Y. Trabalho e uso de si. Pro-Posições, Campinas, v. 1, n. 5, p. 34-50, 2000. SCHWARTZ, Y. Uso de si e competência. In: SCHWARTZ, Y.; DURRIVE, L. (Org.). Trabalho & Ergologia: conversas sobre a atividade humana. Niterói: EdUFF, p. 205-221, 2010. BENDASSOLLI, P. F.; SOBOLL, L. A. P. Introdução às clínicas do trabalho: aportes teóricos, pressupostos e aplicações. In: BENDASSOLLI, P. F.; SOBOLL, L. A. P. (Orgs.). Clínicas do Trabalho: novas perspectivas para a compreensão do trabalho na atualidade. São Paulo: Atlas, p. 3-21, 2011.