Resumo

Como executivos inseridos em um contexto permeado por elevada carga de trabalho; baixo envolvimento pessoal (rotina fragmentada, superficial, com excesso de demandas e pressão por velocidade e resultados); baixa autonomia (competências e padrões de comportamentos definidos pelo meio organizacional) e baixa orientação para valores (foco no crescimento vertical sem questionar os valores pessoais) encontrariam o engajamento no trabalho?

Objetivo: identificar e analisar as relações entre a orientação para a carreira proteana, o job crafting e o engajamento no trabalho em executivos brasileiros. Objetivos específicos: a) identificar se há relação direta entre a orientação de carreira proteana e o job crafting; b) identificar se há relação direta entre o job crafting e o engajamento no trabalho; c) identificar se há relação indireta entre a orientação de carreira proteana e o engajamento no trabalho, sendo mediada pelo job crafting; d) identificar se há relação direta entre a orientação de carreira e o engajamento no trabalho.

Orientação para a Carreira Proteana - "Atitude em relação à carreira que reflete liberdade, auto direcionamento e tomada de decisões baseadas nos valores pessoais do sujeito” (Briscoe & Hall, 2006, p. 6). Job Crafting - Processo de construção autônoma do trabalho através de ações físicas, cognitivas e sociais que alteram o significado do trabalho (Wrzesniewski & Dutton, 2001). Engajamento no Trabalho - Estado mental positivo, de prazer e conexão com o trabalho caracterizado por vigor, dedicação e absorção (Schaufeli, Salanova, Gonzaléz-Romá & Bakker, 2002).

O objetivo do estudo foi realizar uma pesquisa quantitativa para identificar a relação entre as variáveis – orientação para a carreira proteana; job crafting; e engajamento no trabalho – em amostra de 361 executivos brasileiros por meio de instrumentos já validados para o contexto do país. Utilizou-se da técnica de modelagem de equações estruturais para analisar as interrelações entre as três variáveis propostas no estudo por modelo conceitual com 04 hipóteses.

O modelo final ajustado por modelagem de equações estruturais confirmou que as hipóteses 1, 2, 3 e 4 do estudo foram aceitas. No entanto, foi evidenciado que apenas as dimensões do autogerenciamento da atitude de carreira proteana e da cognição do job crafting são as responsáveis pelos efeitos no modelo. O job crafting se firmou como um bom mediador para o modelo, já que o efeito direto da carreira proteana sobre o engajamento apresentou menor força.

Comprovou-se as hipóteses propostas de que a atitude de carreira proteana prediz comportamentos de job crafting e, consequentemente, um estado mental positivo de engajamento no trabalho. Evidenciou-se também que são as dimensões do autogerenciamento da atitude de carreira proteana e a cognição do job crafting as responsáveis pelos efeitos no engajamento no trabalho. O job crafting se firmou como um bom mediador para o modelo, potencializando o efeito da carreira proteana sobre o engajamento no trabalho.

1) Hall, D. T. (2004). The protean career: A quarter-century journey; Schaufeli, W. B. (2012) - 2) Work engagement: What do we know and where do we go - 3) Schaufeli, W. B., & Bakker, A. B. (2004). Job demands, job resources, and their relationship with burnout and engagement: A multi-sample study - 4) Wrzesniewski, A., & Dutton, J. E. (2001). Crafting a job: Revisioning employees as active crafters of their work - 5) Hair, J.F., Hult, T.M., Ringle, C.M. & Sarstedt, M. (2014). A Primer on Partial Least Squares Structural Equation Modeling (PLS-SEM).