Resumo

Título do Artigo

PEDIR PERMISSÃO PARA QUÊ? A rejeição de limitações institucionais impulsionando o empreendedorismo
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Palavras Chave

Empreendedorismo
Bricolagem empreendedora
Rejeição de limitações institucionais

Área

Empreendedorismo

Tema

A figura do Empreendedor: Perfil, Personalidade, Comportamento e Competências

Autores

Nome
1 - Arnaldo Di Petta
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO (UNINOVE) - PPGA
2 - Edmilson de Oliveira Lima
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO (UNINOVE) - PPGA

Reumo

A teoria da bricolagem empreendedora (Baker e Nelson, 2005) foi desenvolvida a partir de estudo realizado num ambiente de recursos escassos, onde o empreendedor tinha que ‘virar-se com o que tem em mãos’. Desde então, tem sido muito estudada na perspectiva de recursos e habilidades, sendo que a rejeição de limitações, um de seus pontos centrais, carece de estudos, principalmente a rejeição de limitações institucionais. Este artigo aborda a rejeição de limitações institucionais por parte de empreendedores no desenvolvimento de seus negócios no contexto da venda direta de cosméticos no Brasil.
Muitos empreendedores enfrentam várias limitações diariamente, até mesmo as institucionais. Considerando que a rejeição de limitações é o primeiro passo para o empreendedor oferecer valor (Valliere e Gegenhuber, 2014) e que o estudo da rejeição de limitações tem potencial contributivo para a abertura e desenvolvimento de negócios (Janssen, Fayolle e Wuilaume, 2018), pergunta-se: Como os empreendedores rejeitam as limitações institucionais? Com a resposta, espera-se alcançar o objetivo de explicar como os empreendedores rejeitaram limitações institucionais para empreender em condições adversas.
A teoria da bricolagem empreendedora (Baker e Nelson, 2005) tem como um de seus pontos centrais o conceito da rejeição de limitações. A rejeição de limitações institucionais, manifestada na desconsideração de leis, de normas da sociedade ou mesmo do ambiente regulatório foi fundamental para empreendedores aproveitarem oportunidades de negócio. É aqui que se usa a teoria institucional (North, 1991), segundo a qual as instituições surgiram para estruturar a interação política, econômica e social, fazendo isso através de restrições informais e também por meio de regras formais como as leis.
Pesquisa qualitativa exploratória usando estudo de casos. Foram entrevistados sete revendedores de diferentes cidades do Brasil que estabeleceram lojas fixas para comercialização de produtos cosméticos fabricados pelas empresas ‘A’ e ‘N’. Foi usado um questionário semiestruturado focando os fatos segundo seu contexto e sua cronologia. A codificação dos dados coletados, foi do tipo Process Coding e para facilitar e agilizar a codificação foi usado o software Atlas-ti. Finalmente, os dados foram analisados comparativamente entre os casos estudados, permitindo capturar diferentes constatações.
A rejeição de limitações institucionais se expressa não somente pela desconsideração de leis impostas pelos governantes, mas também na desobediência dos empreendedores às regras estipuladas por parceiros de negócio. Após um momento inicial quando limitações são impostas e aceitas pelos empreendedores, a rejeição de limitações se manifesta de diferentes formas ao longo do processo empreendedor podendo levar ao fortalecimento do negócio. As respostas coletadas mostraram pelo menos duas características nos empreendedores que rejeitam limitações institucionais: saber ouvir e apoiar os envolvidos.
Identificou-se que os empreendedores rejeitam as limitações institucionais a partir da capacidade de ouvir os atores envolvidos em seu negócio, principalmente seus clientes. Além disso, é importante para o empreendedor bricoleur, apoiar clientes, funcionários, família e até concorrentes no mercado. Em termos de processo, as ações de rejeição de limitações não existem no pré-lançamento do negócio. Elas começam a ser tomadas na fase de desenvolvimento do negócio e se tornam ostensivas, levando ao crescimento do negócio, principalmente se a instituição não repreender fortemente o empreendedor.
Baker, T., & Nelson, R. E. (2005). Creating Something from Nothing: Resource Construction through Entrepreneurial Bricolage. Administrative Science Quarterly, 50(3), 329–366. Moroz, P. W., & Hindle, K. (2012). Entrepreneurship as a process: Toward harmonizing multiple perspectives. Entrepreneurship Theory and Practice, 36(4), 781–818. North, D. C. (1991). Institutions. Journal of Economic Perspectives, 5(1), 97–112. Saldaña, J. (2015). The coding manual for qualitative researchers. Sage.