Resumo

O ​smartphone é o primeiro computador verdadeiramente pessoal. Ele combina habilidades de comunicação e computação com mobilidade e personalização. É por isso que pode-se dizer que os usuários desenvolvem relações profundas com seus celulares ​(Yildirim & Correia, 2018). O uso da tecnologia quando está alinhado com as expectativas de seus usuários tende a proporcionar sentimentos de felicidade, satisfação e empoderamento, gerando um sentido de pertença nas elações profissionais e sociais (Jarvenpaa & Lang, 2005).

As medidas de restrição governamentais decorrentes da pandemia da COVID-19 em 2020 intensificaram o uso de tecnologias para promover a comunicação e as atividades de trabalho em contextos das atividades de ensino. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo analisar a presença do paradoxo autonomia / vício no uso do WhatsApp por professores da Universidad del Chubut na Argentina e identificar as estratégias utilizadas por este público como uma forma de gerenciar esse paradoxo.

O paradoxo autonomia / vício é descrito pela percepção de uma maior autonomia decorrente do uso da tecnologia móvel, ao oferecer a flexibilidade de quando e onde o processo de comunicação pode ocorrer, enquanto esta maior autonomia é acompanhada por uma mudança na expectativa sobre a disponibilidade de cada indivíduo, aumentando seu compromisso de estar conectado, ocasionando o que foi chamado de “vício do ​BlackBerry​”. Embora essa regra não fosse explícita, foi entendido que todos os membros deveriam verificar seus ​BlackBerrys com frequência (Mazmanian et al., 2006).

O trabalho apresenta uma abordagem qualitativa, com a coleta de dados através de entrevistas semi-estruturadas por meio do WhatsApp com 20 professores da Universidade de Chubut na Argentina, no próprio contexto gerado pela pandemia, onde a intensidade de uso e dependência de ferramentas tecnológicas tende a ser maior.

As evidências da presença de autonomia foram agrupadas por similaridade em três grandes categorias: Facilidade de Uso, Comunicação e Outros. De forma semelhante, as evidências do vício foram agrupadas em três categorias Gerenciamento,” Me afeta se não estiver disponível" e Obrigação. As estratégias utilizados pelos professores no contexto laboral foram reunidas com relação a comunicações via WhatsApp fora do horário laboral acordado, comunicação com os respectivos superiores funcionais, mensagens com pedidos do outro vínculo laboral enquanto está trabalhando e manejo dos grupos laborais .

As evidências de vício foram encontradas com uma menor abundância do que as de autonomia. A utilização da função assíncrona proporcionada pelo WhatsApp, que permite a limitação dos horários de comunicação, e suas funções associadas, como colocar os grupos em silêncio e verificar a urgência das mensagens foram estratégias utilizadas. A comunicação da família durante a atividade laboral é vista com uma atitude positiva, uma ampliação da autonomia, recebendo poucas limitações. A comunicação laboral durante a disponibilidade familiar é observada de maneira negativa, associando-se ao vício.

Chae, M., & Yeum, D. (2010). The Impact of Mobile Technology Paradox Perception and Personal Risk-Taking Behaviors on Mobile Technology Adoption. Corso, K. B. (2013). ​PRÁTICAS SÓCIO-MATERIAIS DE GESTORES: Investigando os paradoxos de uso da tecnologia móvel em uma Instituição de Ensino Superior. UFRGS Jarvenpaa, S. L., & Lang, K. R. (2005). Managing the Paradoxes of Mobile Technology. Information Systems Management Mazmanian, M. A., Orlikowski, W. J., & Yates, J. (2006). CrackBerries: The Social Implications ofUbiquitous Wireless E-Mail Devices