Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais
Autores
Nome
1 - Amanda Gross ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - FGV-EAESP
Reumo
A educação e a pesquisa no management têm sofrido pressões e vivenciado mudanças diante dos desafios econômicos, ambientais, políticos e tecnológicos. A legitimidade e o impacto social das escolas de negócio também têm sido questionados. Assim, podemos entender que a educação e a pesquisa no campo do management vêm enfrentando diversas críticas e ameaças, que, também, podem ser entendidas como oportunidades de mudança. Neste sentido, este artigo buscará apresentar uma alternativa epistemológica para o ensino e a pesquisa no management que parece dar conta das principais críticas e desafios.
Diante deste cenário de crise e crítica ao contexto atual do ensino e pesquisa no management, este artigo buscará propor e discutir as possíveis contribuições da perspectiva da neomonadologia de Gabriel Tarde e seu o ponto de vista sociológico universal para o campo. Dessa forma, a pergunta de pesquisa que move este trabalho é: e se a neomonadologia de Gabriel Tarde fosse a base para o ensino e a pesquisa no management?
A discussão das alternativas epistemológicas no campo do management se tornou muito relevante nas últimas décadas (Murillo & Vallentin, 2016). Desde a década de 1970, a teoria organizacional adotou novas perspectivas epistemológicas e diferentes métodos de pesquisa qualitativos que aportaram novas interpretações para a realidade organizacional (Cunliffe, 2011). Alvesson e Willmott (1992) questionaram a neutralidade da teoria da gestão e argumentaram que ela é demasiado potente com muitos efeitos na vida de empregados, consumidores e cidadãos.
A neomonadologia tardiana se mostra uma interessante alternativa epistemológica para o management, uma vez que, permite uma visão holística e ultra-relativista para a realidade. Esta perspectiva tem o potencial de extrapolar as fronteiras das organizações capitalistas, uma vez que, não distingue humanos e não humanos; interior e exterior; e, micro e macro. Por tanto, a perspectiva proposta por Gabriel Tarde poderia levar os “futuros gestores” a observar e ter consciência de que suas decisões e ações tem efeito para além do interior das organizações e dos humanos com ela relacionados.
Podemos concluir, então, que a perspectiva neomonadológica questiona as perspectivas epistemológicas correntes no campo como: o positivismo, o funcionalismo e as abordagens críticas, sejam elas marxistas ou pós-estruturalistas. A adoção da perspectiva tardiana a propõe, assim, uma intensa e profunda desconstrução do que conhecemos como a Ciência da Administração, extrapolando a própria organização moderna capitalista e superando os impasses das alternativas epistemológicas correntes, conforme busquei demonstrar neste artigo.