Resumo

Título do Artigo

O QUE ELES PENSAM? Violência Simbólica e Relação de Gênero na Polícia Militar de Minas Gerais
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Palavras Chave

Gênero
Violência simbólica
Polícia Militar

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - WANESSA LETICIA DE OLIVEIRA MIRANDA
Centro Universitário Unihorizontes - MG - SANTO AGOSTINHO
2 - FERNANDA VERSIANI
Centro Universitário UNIHORIZONTES - Santo Agostinho

Reumo

Embora as organizações, os homens e as mulheres estejam progressivamente incrementando o discurso igualitário, um trabalho definido como masculino ou feminino envolve representações e práticas sociais construídas. A luta das mulheres para superar barreiras e conseguir o “seu lugar” enquanto profissional ainda é recorrente, por isso, a discussão sobre gênero e dominação masculina se faz necessária para a melhor compreensão da relação entre o masculino e o feminino no contexto social e organizacional.
No ambiente militar existe um mito da igualdade no que diz respeito às relações de gênero, que tem amparo na burocracia, disfarçando assim a percepção de diferenças no que diz respeito ao gênero masculino e feminino (CAPELLE ET AL., 2002). Assim, a pergunta desta pesquisa é: como se dá a violência simbólica nos dias atuais, em um ambiente de trabalho predominantemente masculino? E o objetivo está em compreender como a violência simbólica está presente na relação de gênero na Polícia Militar de Minas Gerais, sob a ótica dos militares homens.
As relações estabelecidas entre homens e mulheres se dão pelas relações de poder e dominação, cujas diferenças entre eles são orientadas por diferenças biológicas que comumente se convertem em desigualdades refletidas na configuração de papéis sociais como sujeito masculino ou feminino (SCOTT, 1995). A visão simbólica nas representações de gênero é instalada por meio dos padrões subjetivos que todos os indivíduos estão submetidos, adotando crenças dos dominantes de forma natural, que se expressam nas oposições da ordem simbólica (masculino/feminino) (BOURDIEU, 2002).
A pesquisa qualitativa tem caráter descritivo e o método utilizado é o estudo de caso. Foram realizadas 10 entrevistas semiestruturada com militares homens de diferentes patentes do 25º Batalhão da PMMG, na cidade de Sete Lagoas/MG. Os dados foram analisados a partir da técnica da análise de conteúdo (BARDIN, 2011). Após os dados coletados chegaram-se as categorias: o trabalho é para elas, mas tem função que talvez; Militar mulher no comando; Hierarquia e Poder simbólico: “eu não vejo a mulher, eu vejo a farda”; “Já melhorou muito, mas é natural da mulher”.
Os entrevistados acreditam que não há diferença de tratamento entre eles e as militares mulheres na PMMG, mas na posição hierárquica. Porém, eles acabam reforçando os símbolos e os critérios de uma relação dominante masculino/feminino, mesmo que inconscientemente. Nesta pesquisa, ficou em evidencia que ainda há “tipos de funções” que as militares mulheres são mais aceitas devido à lógica da violência e do poder simbólico. Ter militares mulheres em posição de comando é visto como algo positivo pelas suas competências. Porém, elas precisam provar que são capazes.
É preciso desnaturalizar as categorias homens e mulheres enquanto uma rejeição ao determinismo biológico, para que as pessoas possam entender que a ideia do tratamento igualitário é empregada por meio do discurso da dominação masculina, mesmo que seja pelo desconhecimento. O discurso de igualdade de gênero em um ambiente de trabalho predominantemente masculino perpassa pelas vias simbólicas, onde o conflito entre os dominantes e os dominados se manifesta de forma não explícita.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2008. 281p. BOURDIEU, P. A escola conservadora: As desigualdades frente à escola e à cultura (Gouveia, A. J., Trad.). In Nogueira, M. A. & Catani, A. (Orgs.), 2002. Escritos e Educação (pp. 39-64). Petrópolis, RJ: Vozes. CAPPELLE, M.C.A.; SILVA, A.L.; VILAS BOAS, L.H.B.; BRITO, M.J.de. Representações das relações de gênero no espaço organizacional público. Revista de Administração Pública, v. 36, n. 2, 2002. p.253-276. SCOOT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, 20, 71-99, 1995.