Resumo

Empresas de pequeno porte de países emergentes atuam em contexto institucional instável e possuem particularidades quando comparadas às empresas de maior porte em países desenvolvidos. Devido ao porte e o acesso a recursos limitado, essas empresas exploram recursos distintos dos utilizados por outras empresas. Entre as possibilidades estratégicas de empresas de pequeno porte está o uso de recursos disponíveis a todas as empresas de uma delimitação geográfica, como é o caso dos recursos do país, ao elaborarem seu processo de internacionalização (Winckler, 2018).

Embora diversos autores explorem o uso de recursos nas internacionalização de PMEs, pouco se conhece sobre esta questão no caso de microempresas de países emergentes. Tais empresas têm sido excluídas de amostras de pesquisas por apresentarem comportamento estatisticamente distinto de outras empresas de menor porte (Oura, Zilber & Lopes, 2016; Winckler, 2018). Neste sentido, o objetivo desta pesquisa é investigar quais são os recursos do país utilizados nos processos de internacionalização de microempresas brasileiras.

O trabalho usa como base a RBV e a internacionalização de PMEs de países emergentes (Gaur et al., 2014, Contractor, Kumar, & Kundu, 2007). Recursos podem ser específicos da firma, tais como identificados por Barney (1991), ou específicos do país. Estes são externos à firma, disponíveis no nível institucional, em uma dada localização e, por este motivo, disponível às empresas nela localizadas (Fahy, 2002). No caso brasileiro, foram identificados 11 tipos de recursos do país utilizados na internacionalização de PMEs, os quais não estão relacionados ao desempenho internacional (Winckler, 2018).

Esta pesquisa utilizou banco de dados disponível de empresas exportadoras brasileiras, cujos dados foram coletados em uma Survey realizada em 2017 com 29 microempresas brasileiras. Foram investigadas características da firma e o uso de recursos do país, com modelo teórico de Winckler (2018). Levantou-se dados sobre idade, experiência internacional, intensidade tecnológica e precocidade internacional. Realizou-se testes de regressão linear e teste T, os quais possibilitaram analisar o perfil das empresas e a relação entre o uso de recursos do país e intensidade exportadora.

Os resultados indicam que os recursos do país não têm relação com a intensidade exportadora. Entre os mais utilizados são de acesso a informações e imagem do país, que são chave para ingressarem no mercado externo. Utilizam recursos de terceiros quando são específicos para este porte de empresa. A participação do país em acordos internacionais, a existência de organizações de apoio e cadeias produtivas bem desenvolvidas não estão entre os recursos mais utilizados. Diferenciam-se no uso de recursos quando comparadas às empresas de pequeno e médio portes (Winckler, 2018).

Foram analisados o perfil das empresas e o uso dos recursos do país. As empresas se assemelham ao perfil de empresas de pequeno porte de outras pesquisas no contexto brasileiro. Não há relação entre uso de recursos e desempenho internacional. Diferentemente de outras pesquisas, o país de origem é usado como recurso para o seu ingresso no mercado externo e as microempresas usam recursos de terceiros para se internacionalizarem. Quando comparadas às pequenas e médias empresas, as microempresas têm comportamento peculiar no uso de recursos do país.

Fahy, J. A (2002). Resource-based analysis of sustainable competitive advantage in a global environment. International Business Review, 11. Gaur, A. S., Kumar, V., & Singh, D. (2014). Institutions, resources, and internationalization of emerging economy firms. Journal of World Business, 49(1). Winckler, N. (2018). Recursos do país na internacionalização de PMEs de países emergentes: um estudo no contexto brasileiro. Tese de doutorado. Escola de Administração. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.