Resumo

Título do Artigo

UBERIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO: Reflexões e perspectivas a partir da pandemia da covid-19 no Brasil
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Palavras Chave

Uberização
Precarização
Capitalismo Contemporâneo

Área

Estudos Organizacionais

Tema

COVID-19, Organizações e Sociedade

Autores

Nome
1 - RAILSON MARQUES GARCEZ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (UFMA) - SÃO LUÍS

Reumo

As grandes transformações socioeconômicas, culturais e políticas pelas quais a economia globalizada vem passando, trouxeram para arena de debate novas discussões e novos dilemas em relação às metamorfoses do trabalho nesse século. A uberização, no epicentro das discussões atuais, apresenta-se como um fenômeno, mas, sobretudo, demonstra ser uma nova forma de dominação do capitalismo contemporâneo no seu exercício de controle que manifesta a partir de práticas de trabalho percebidas como mais flexíveis e precarizadas que utilizam a appficação para extrair mais-valor na escravidão moderna.
Os desdobramentos da pandemia, até então, sugerem também uma intensificação da dinâmica de precarização de trabalhadores e trabalhadoras das plataformas de delivery e transporte, considerados serviços essenciais em meio às medidas de isolamento social. Assim, pretende-se refletir sobre a seguinte questão: Em que a pandemia da COVID-19 atualiza as discussões no mercado de trabalho no Brasil? Destarte, o objetivo desse trabalho consiste em analisar os efeitos da pandemia da covid-19 no processo permanente e acelerado de uberização e precarização do mercado de trabalho no Brasil.
Assiste-se a investidas sucessivas do capitalismo em manter sua hegemonia no processo de globalização. Diante de novas centralidades e do novo processo de divisão internacional do trabalho o que se tem observado é o avanço maior do pêndulo da exploração do trabalho por novos e sofisticados mecanismos dos quais os mais conhecidos são a terceirização e a uberização do trabalho. São verdadeiros experimentos do capitalismo no uso e remuneração da força de trabalho, realidade atual, que vem sendo acompanhada por uma degradação e desmonte de conquistas históricas (SLEE, 2017; POCHMANN, 2016;2018).
A conjuntura de crise global traz consigo importante oportunidade de reinvenção das pessoas, de comunidades, da economia e mostra também a força mutante do sistema capitalista em reorganizar a sua lógica de operação. Esse processo, conhecido como metabolismo social do capital (Marx, 2006), é essencial para compreender as engrenagens e a mecânica de operação do sistema que busca incessantemente reduzir o valor de uso de suas mercadorias, mesmo daquela que é uma mercadoria especial, a exemplo da força de trabalho. (ANTUNES, 2019).
A crise estrutural pela qual o sistema capitalista passa tem dimanado novas práticas econômicas a partir do seu cíclico processo de reestruturação e configuração. O fenômeno novo da uberização, apresenta-se como alternativa ao cenário de desemprego e crise, e busca alicerça-se no tripé terceirização- flexibilidade-informalidade. A pandemia, fenômeno de forte impacto socioeconômico e que mostra-se totalmente atrelada aos mecanismos do capital, desnudou a uberização e escancarou a precariedade do mercado de trabalho e que, em um movimento de xeque-mate, parece concretizar e reafirmar esse tripé.
ABILIO, L. C. Uberização: a era do trabalhador just-in-time?1.Estud. av.,São Paulo, v. 34,n. 98,p. 111-126, Apr.2020. ANTUNES, R. Riqueza e miséria no Brasil IV: trabalho digital, autogestão e expropriação da vida: o mosaico da exploração. 1ed. São Paulo: Boitempo, 2019. DRUCK, G. Trabalho, precarização e resistências: velhos e novos desafios?Caderno CRH, Salvador, v. 24, n.spe 01, p.37-57,2011. POCHMANN, M. Desestabilização do trabalho.Saúde Debate. Rio De Janeiro,V. 42,n. especial 3, p. 67-77,novembro 2018 . SLEE, T. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Elefante,2017.