AÇÕES COLETIVAS NO ENFRENTAMENTO AOS EFEITOS SECUNDÁRIOS DA COVID-19: a interlocução de agentes diante aos impactos do distanciamento social no município de Lavras (MG)
1 - Elisabeth Thaiane Tercino de Araújo UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
2 - Juliano Silva Cougo UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - 1
3 - Kellen Cristina de Abreu UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
4 - Camila de Assis Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - DAE
Reumo
A pandemia de COVID-19 impactou todo o planeta. Além das complicações advindas diretamente pela ação da enfermidade, outros fatores decorrentes se apresentam como significativos problemas sociais. Entretanto, de forma a enfrentar o caos estabelecido, ações coletivas surgem como alternativas de diminuir os impactos causados pelos efeitos, principalmente, indiretos da doença. Esta pesquisa busca analisar as estratégias de amenização dos efeitos indiretos do COVID-19 no município de Lavras-MG.
O problema estruturador desta pesquisa é: como articulações entre agentes de diversos setores sociais podem desencadear em ações coletivas voltadas para a redução das adversidades socioeconômicas em um cenário de pandemia? Nesta proposta, o objetivo central do trabalho é descrever e analisar os efeitos da sinergia dos diversos agentes sociais no município de Lavras para o combate das adversidades secundárias da pandemia de COVID-19.
Uma ação coletiva caracteriza-se pela união de pessoas, estados ou mesmo organizações, que estabelecem estratégias em finalidades que dificilmente poderiam ser alcançadas pela via individual. Nessa concepção, entende-se que os indivíduos movimentam-se para alinhar objetivos, a fim de dispender menos recursos, ou mesmo se beneficiarem coletivamente (Olson, 1999). Por essa lente teórica, a pesquisa analisa a articulação de cidadãos e organizações lavrenses que agem mutuamente por meio da plataforma “Conectando Causas Comuns” como concretização de uma ação coletiva.
A pesquisa qualitativa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com um dos colaboradores do Conectando Causas Comuns. Além disto, o trabalho seguiu coletando dados fornecidos, principalmente, pela plataforma e pela prefeitura do munícipio, durante 60 dias. Os dados foram submetidos à técnica de análise de conteúdo.
Houve articulações entre cidadãos, organizações governamentais, empresas, universidades, dentre outros mobilizadores da ação coletiva. Os últimos relatórios demonstraram que, apesar da plataforma ainda não ter conseguido solucionar os diversos impasses enfrentados no âmbito no munícipio, mais de duas mil famílias foram atendidas, recebendo doações, auxílios, e prestação de serviços essenciais. Embora ainda não haja informações oficiais, percebe-se que a ação tem colaborado para o bem-estar da população local e para o fortalecimento de laços entre os agentes envolvidos.
Os efeitos surtidos da mobilização são percebidos por seus agentes estruturadores como benefícios não necessariamente econômicos, mas geradores de proteção à população. Contudo, ainda que não se tenha dados oficiais, conjectura-se que a ação coletiva tem sido significativa para manter a economia local, bem como restringir o aumento da criminalidade no município.
Olson M. A lógica da ação coletiva: os benefícios públicos e uma teoria dos grupos sociais. São Paulo: EDUSP; 1999.