Resumo

Com o advento da transformação digital, um evento que tem despertado curiosidade são os desafios Hackathons. Em organizações que primam pela difusão de inovações, esses eventos podem acelerar a transformação digital. No Brasil, já realizaram desafios Hackathons empresas como: Ambev, Bosch, Deloitte, Embrapa, Natura, John Deere, Saint-Gobin (ARRUDA; LOTT, 2019). A partir de articulação com empresas, uma instituição de ensino superior contribui com oportunidades e vivências aos estudantes, seja pelo conhecimento adquirido, networking, amizades, desenvolvimento pessoal (UnB, 2016).

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), instituição pública, tem organizado a partir do ano 2016 desafios Hackathons visando o desenvolvimento de aplicativos móveis; e o desenvolvimento de jogos eletrônicos e peças educacionais em suporte digital como contribuição à transformação digital no agronegócio. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi identificar a motivação, experiência, importância e resultados percebidos por estudantes e egressos de instituições educacionais por sua participação em Hackathons Acadêmicos Embrapa, entre os anos 2016 e 2017, em Brasília – DF.

A Embrapa tem adotado o modelo de inovação aberta. Sabe-se que poucas empresas detêm todas as competências, recursos, estruturas e capacidades para desenvolverem, isoladamente, inovações de grande impacto (CAPDEVILLE; ALVES; BRASIL, 2017). Os Hackathons representam aprendizado para as empresas (ARRUDA; LOTT, 2019) e para os participantes. Ferreira e Farias (2019) elencam algumas motivações do cidadão para participarem de uma experiência Hackathon no setor público: altruísmo, aprendizado, atitude, divertimento, ideologia, recompensas financeiras, recompensas não financeiras e reconhecimento.

Trata-se de estudo de caso descritivo qualitativo, tendo como lócus a Embrapa. Utilizou-se formulário on-line Google Forms composto por itens de perfil sociodemográfico, e perguntas qualitativas, e para a análise de conteúdo dos depoimentos dos participantes da pesquisa, à luz de Ferreira e Farias (2019), adotou-se a categorização a priori. Analisaram-se também informações da Embrapa disponíveis no portal Hackathon Acadêmico e em documentos institucionais, além de matérias jornalísticas.

Com idade entre 23 a 30 anos, 15 estudantes/egressos de instituições de ensino superior participaram da pesquisa. Verificaram-se como categorias motivacionais para participar dos Hackathons as Recompensas não financeiras, as Experiências em ter participado, o Aprendizado, a Importância em ter participado, a Ideologia, o Divertimento, a Atitude, os Novos conhecimentos, as Habilidades ou Atitudes que participantes obtiveram durante a vivência, o Altruísmo, a percepção sobre a relação entre o evento e a melhoria de serviços prestados pela Embrapa, e o Reconhecimento e Recompensas financeiras.

Ao longo da análise da pesquisa, foi possível identificar e ratificar as motivações dos participantes elencados por Ferreira e Farias (2019) em participar de desafios Hackathons Acadêmico Embrapa. A oportunidade em ter participado dos eventos possibilitou avaliações do tipo muito boa, muito proveitosa, excelente, o que demonstra significativas experiências e vivências adquiridas. A articulação e a parceria entre instituições resultam em iniciativas que contribuem para a formação intelectual de jovens entusiastas, e com os desafios do mercado de trabalho.

ARRUDA, C.; LOTT, L. Hackathon como instrumento de inovação aberta. 2019. Disponível: < https://www.researchgate.net/publication/335662558_Hackathon_como_instrumento_de_inovacao_aberta>. Acesso: 22/06/2020. FERREIRA, G. D.; FARIAS, J. S. Hackathons no setor público brasileiro: objetivos e resultados sob a ótica de agentes públicos promotores das iniciativas. Contextus–Revista Contemporânea de Economia e Gestão, 17(1), p. 195-216, 2019.