Resumo

Empreendedorismo social (ES) é a gestão de recursos aplicados em causa social, objetivando contribuir com o desenvolvimento de uma comunidade. ONGs são empreendimentos sociais, onde as pessoas de interesse público trabalham colaborando para atingir as metas da organização. O empreendedor social atua em problemas sociais, motivado pelas desigualdades sociais (Souza & Teixeira, 2019). Empreender soluções que emergem de criatividade, insights e ações solidárias, é promover valor social, mas com implicações político-econômicas.

Empresas sem fins lucrativos, como asilos e casas de apoio, captam recursos para sobreviverem, prestando serviços à sociedade. Porém, como essas empresas captam os recursos de que necessitam? Esta questão nos levou a uma pesquisa de campo com intuito de conhecer a realidade empresarial. O objetivo do estudo foi analisar a captação de recursos (CR) em duas ONGs de Florianópolis. Os nomes das empresas são fictícios X e Y, representando modelos práticos de captação. Considerando a teoria ES e as experiências dessas organizações não governamentais, idealizamos um script CR.

O empreendedorismo social é um tema da gestão contemporânea. O negócio é conduzido através de projetos, cujo objetivo é pensar, desenvolver e implementar soluções colaborativas. Enquanto o empreendedorismo corporativo gera lucro, o empreendedorismo social gera impacto social (Carmona et al., 2018). Os limites de atuação do empreendedorismo corporativo, como investimento e retorno esperados, podem ser ultrapassados pelo empreendedorismo social, uma vez que a expectativa de ganho econômico não é o motor da ação empreendedora e sim os problemas sociais e a cidadania.

Esta pesquisa é qualitativa com método interpretativo, cujas técnicas são observação e entrevista. A pesquisa em administração envolve interpretação dos aspectos socioeconômicos que regem o ciclo de vida das empresas. Os dados coletados, primários e secundários, foram analisados em dois níveis: individual e organizacional (Saebi et al., 2019). Interpretamos discursos e práticas dos atores organizacionais, uma vez que o empreendedorismo social compreende a subjetividade e a objetividade dos atores, nesta ordem, idealismo e racionalidade.

Estas empresas captam recursos de maneiras diversas, identificamos: campanhas de doações, editais públicos, depósito bancário, PagSeguro, contribuição na conta de energia, troco nos supermercado, parcerias com empresas públicas e privadas. As ONGs pesquisadas usam redes sociais e mídias sociais para monitorarem oportunidades de captação e divulgarem suas campanhas de arrecadação de recursos, sejam de alimentos, roupas, material de limpeza, etc.

Reunindo conceitos de projeto e as experiências das ONGs em questão, elaboramos um script CR para empresas sem fins lucrativos. Isto é, um roteiro de captação que começa no monitoramento, quando a organização busca em seu ambiente oportunidades de colaboração externa; viabilidade, quando se analisa o investimento/retorno das oportunidades identificadas; projeto, quando se elabora projeto de captação para editais e outras ofertas; execução, quando o projeto é desenvolvido; resultados, quando se avaliam os resultados do empreendimento.

AUSTIN, J., STEVENSON, H., & WEI-SKILLERN, J. (2006, Jan). Social and Commercial Entrepreneurship: Same, different, or both? Entrepreneurship Theory and Practice, 30, 1-22. SAEBI, T., FOSS, N. J., & LINDER, S. (2019, Jan). Social Entrepreneurship Research: Past achievements and future promises. Journal of Management, 45(1), 70–95. ZAHRA, S. A., WRIGHT, M., & ABDELGAWAD, S. G. (2014). Contextualization and the Advancement of Entrepreneurship Research. International Small Business Journal, 32(5), 479–500.