Resumo

Título do Artigo

Doutoras-mães ou Mães-doutoras? Conciliando a Carreira Acadêmica e a Maternidade
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Palavras Chave

Produtividade Acadêmica
Carreira Acadêmica
Maternidade

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Carreiras e Competências

Autores

Nome
1 - Jacqueline Pires Coin
UNIVERSIDADE FEEVALE (FEEVALE) - NOVO HAMBURGO
2 - Paola Schmitt Figueiró
UNIVERSIDADE FEEVALE (FEEVALE) - Campus II
3 - Fernanda Maciel Reichert
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
4 - Marilia Bonzanini Bossle
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL (IFRS) - Campus Viamão

Reumo

A área acadêmica revela-se um cenário formado por diferentes contextos de trajetórias e particularidade de cada indivíduo. Em 2015, apenas 36% eram mulheres na produção de pesquisa, sendo 64% de representação masculina, e o número decresce conforme aumenta a hierarquia acadêmica (CNPq, 2018). Além disso, as pesquisadoras que se tornam mães passam por um período de queda na produtividade, enquanto aquelas sem filhos costumam manter uma taxa anual regular de publicações (PARENT IN SCIENCE, 2018). Uma limitação pode ser a dificuldade de conciliar a maternidade com a carreira docente.
Os sistemas de avaliação brasileiros ignoram as diferenças de gênero (CANDIDO e CAMPOS, 2020). Pela dinâmica de avaliação, as mães acabam sendo excluídas, seja pela dificuldade de manter a produtividade em nível competitivo ou pela pressão de equilíbrio entre vida familiar e profissional. Propõe-se como questão de pesquisa: de que maneira mulheres que atuam no ensino superior conciliam a maternidade com as exigências da carreira acadêmica? O objetivo geral busca analisar como professoras doutoras que atuam em instituições de ensino superior conciliam a maternidade e a carreira acadêmica.
A trajetória das mulheres na ciência é constituída em uma cultura baseada no “modelo masculino de carreira”. uma vez feita a opção pela carreira científica, a mulher se depara com o conflito da maternidade e às exigências da vida acadêmica, que envolve compromissos no trabalho e produtividade acadêmica (VELHO, 2006). A profissão científica tornou-se, sem dúvida, um tipo muito particular de profissão, a qual possui uma cultura específica no processo de aquisição dos requisitos básicos para pertencer à comunidade científica (SILVA; RIBEIRO, 2014).
A pesquisa tem característica descritiva e exploratória, e dividida em duas etapas: quantitativa e qualitativa. A primeira fase foi qualitativa com entrevistas, a partir de um roteiro semiestruturado junto à quatro professoras doutoras que atuam em Instituições de Ensino Superior. Na segunda fase, quantitativa, a amostra foi não probabilística, com aplicação de questionário online. A amostra final foi composta por 106 respondentes. Os dados foram analisados a partir de estatística descritiva e análise de conteúdo.
Os resultados mostram que os principais elementos presentes na vida da mulher que concilia a carreira acadêmica com a maternidade são: (i) tempo para conciliar a pesquisa, a maternidade, ser mulher e vida doméstica; (ii) manter a produtividade e poder se dedicar ao filho; (iii) conseguir aprofundar-se em pesquisas, participar de eventos e bancas que envolvam viagem, além de compromissos em reuniões, inaugurações e atividades em horários que a escola não atende as crianças; e (iv) garantir a qualidade do trabalho como mãe e como docente/pesquisadora.
Apesar da queda na produtividade, os relatos mostram que a maternidade cria mulheres mais seguras, fortes e responsáveis, seja como profissional, professora ou pesquisadora. Ser mãe as deixou mais centradas e com experiências importantes também para a academia. A maternidade é uma escolha possível e os múltiplos papéis da mulher não são incompatíveis entre si. As participantes da pesquisa não aceitam que vejam seus filhos como um empecilho para a carreira, mas sim, que a sociedade e a academia devem mudar para garantir igualdade de condições e uma atuação mais presente dos parceiros.
CANDIDO, Marcia Rangel; CAMPOS, Luiz Augusto. Pandemia reduz submissões de artigos acadêmicos assinados por mulheres, DADOS Revista de Ciências Sociais, 2020. Disponível em: . Acesso em: 21 jul 2020. SILVA, F.F.; RIBEIRO, P.R.C. Trajetórias de mulheres na ciência: “ser cientista” e “ser mulher”. Ciência e Educação, Bauru, v. 20, n. 2, p. 449-466, jan. 2014. VELHO, Léa. Prefácio. In: SANTOS, L. W.; ICHIKAWA, E. Y.; CARGANO, D. de F. Ciência, tecnologia e gênero. Londrina: IAPAR, 2006. p. 13-18.