1 - Vinícius Rennó Castro UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
2 - Luciano Mendes UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
Reumo
Todas as decisões envolvidas no contexto organizacional estão diretamente relacionadas às emoções. Logo, as práticas emocionais no âmbito organizacional podem se configurar como recursos incorporados de poder, garantindo vantagens sociais. Para compreendermos como essas relações e suas dimensões micro e macro se situam na prática cotidiana das organizações, realizamos um exercício teórico com o intuito de desenvolver um conceito apropriado para tal compreensão. Trata-se do conceito de capital emocional, desenvolvido principalmente através da teoria de Pierre Bourdieu, entre outros teóricos.
O objetivo do ensaio teórico é compreender as emoções nas organizações como capital emocional, a partir das contribuições de Pierre Bourdieu sobre os habitus e práticas (emocionais). A intenção será trazer uma contribuição para os estudos das emoções nas organizações, visto que a perspectiva do capital emocional, apesar de próxima às concepções de Bourdieu, ainda não explorou os meandros na teoria desse autor, no que tange ao habitus, práticas emocionais e capital emocional como um subtipo do capital cultural incorporado.
O referencial teórico do trabalho está baseado sobretudo nos pressupostos e conceitos relacionais da abordagem sociológica do sociólogo francês Pierre Bourdieu. Utilizamos também outras abordagens sociológicas, assim como autores do campo dos estudos organizacionais e teóricos da prática.
Discutimos inicialmente a literatura existente sobre o capital emocional, apresentando as principais limitações teóricas que ainda existem sobre essa noção. Feito isso, trazemos uma aprofundação sobre o conceito, de modo a lidar com essas limitações teóricas e desenvolver apropriadamente o conceito para que o mesmo possa ser estudado no contexto das organizações, assim como em outros campos. Por fim, apresentamos nossa definição do capital emocional.
Fundamentando-se em todas as considerações dos autores discutidos no ensaio, consideramos que o conceito de capital emocional deve abranger a seguinte definição para investigação empírica: conhecimento/recurso disposicional trans-situacional baseado em formas de experimentação, mobilização e gerenciamento de emoções, podendo ser “estrategicamente” adquirido, circulado, acumulado e convertido em outras formas de capital e, desse modo, quando convertido em capital simbólico, proporcionar vantagens/deslocamentos sociais num dado campo ou subcampo.