Resumo

Título do Artigo

A LUTA FEMINISTA NO CAMPO AGROECOLÓGICO: uma análise a partir da perspectiva decolonial
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Palavras Chave

agroecologia
colonialidade
feminismo decolonial

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Douglas Antonio Vilas Boas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
2 - Flávia Luciana Naves Mafra
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - DAE
3 - Christiane Batista de Paulo Lobato
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE LAVRAS (UNILAVRAS) - lavras

Reumo

Esse estudo tem como ponto de partida as experiências de mulheres que fazem parte de duas organizações do campo agroecológico. Trata-se de tentar entender como a temática do feminismo tem se articulado com as discussões do campo agroecológico. No âmbito do movimento agroecológico, as mulheres seriam sujeitos da própria existência e o saber subalterno valorizado. Contudo, o movimento agroecológico está inserido em uma sociedade patriarcal, na qual predomina a colonialidade. Assim, é preciso desnaturalizar e dar visibilidade aos processos que permeiam as conquistas das mulheres nesse movimento.
Partindo dessa discussão questionamos: Como se configuram as lutas e a trajetória do feminismo no campo agroecológico? Portanto, como objetivo geral, buscamos compreender, a partir das experiências das mulheres que fazem parte da coordenação da Articulação Nacional de Agroecologia - ANA e da Associação Brasileira de Agroecologia - ABA, as lutas e a trajetória do feminismo no campo agroecológico. Como objetivos específicos temos: contextualizar o debate feminista no campo agroecológico e caracterizar as lutas feministas no campo agroecológico.
A colonialidade pode se estender para diversos âmbitos, como economia e política, subjetividade, conhecimento e natureza, compondo, assim, a matriz da colonialidade (MIGNOLO, 2010). A subalternidade da mulher se mostra como a expressão da colonialidade. A desnaturalização de tais padrões de comportamento e de relações, partindo da perspectiva dos subalternos, é princípio para o processo de decolonização. Tendo em vista esta discussão, a opção decolonial utilizada neste estudo procura não apenas diagnosticar a colonialidade, mas também compreender possibilidades de superação da mesma.
Com o intuito de levantar informações sobre o fenômeno estudado foram realizadas pesquisa documental e bibliográfica, além de entrevistas com quatro mulheres das organizações citadas. As entrevistas foram realizadas por Skype®, com base em um roteiro semiestruturado. A técnica utilizada no tratamento dos dados das entrevistas foi a Análise de Conteúdo, que consiste em “um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” Bardin (2010, p. 42). Por meio dela foi possível chegar às categorias analíticas.
Os resultados revelam que, apesar de grande parte das experiências agroecológicas serem desenvolvidas por mulheres, as desigualdades de gênero, bem como a colonialidade, se reproduzem também no campo agroecológico. Frente a isso, as mulheres da agroecologia têm se mobilizado e travado diversas lutas com o objetivo de serem ouvidas e de abrirem espaço para a discussão de temas que lhes são sensíveis. Essas lutas têm sido construídas principalmente por meio da organização em coletivos, junto com outras companheiras de luta. Assim, elas têm enfrentando a colonialidade cotidianamente.
Com a análise das entrevistas, pesquisa documental e bibliográfica, pôde-se perceber que, apesar de grande parte das experiências agroecológicas serem desenvolvidas por mulheres, as desigualdades de gênero se reproduzem também no campo agroecológico. É justamente por esse motivo que as mulheres têm bradado que “Sem feminismo não há agroecologia”. Sem os aportes teóricos trazidos pelo feminismo e sem a militância das mulheres do movimento feminista não será possível que a agroecologia se concretize, de fato, como um modelo de agricultura que possa promover a justiça socioambiental para o campo.
MIGNOLO, W. Desobediencia epistémica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialidad. Argentina: Ediciones Del Signo, 2010. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2010. 281 p. BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Rev. Bras. Ciênc. Polít., Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2016.