Resumo

Título do Artigo

Que horas ela volta? Uma análise fílmica sobre as representações sociais e a construção social da realidade
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Palavras Chave

Representações Sociais
Construção social da realidade
Que horas ela volta?

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - Amanda Fontes Silva
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS (CEFET/MG) - Campus II
2 - Marcella Barbosa Miranda Teixeira
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS (CEFET/MG) - Programa de Pós-Graduação em Administração
3 - Rita de Cássia Leal Campos
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS (CEFET/MG) - Belo Horizonte
4 - Lilian Bambirra de Assis
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS (CEFET/MG) - dcsa

Reumo

De forma geral, somos sujeitos que têm a necessidade de conhecer o mundo à nossa volta, para nos ajustarmos a ele e para sabermos como nos comportar nas diferentes situações do dia a dia. Essa construção do conhecimento perpassa pelas relações que estabelecemos diariamente com os outros indivíduos e grupos sociais, seja por meio de conversas, negociações ou ações que empreendemos (PACHECO, 2011). Para Jodelet (1989), é a partir dessa necessidade de tornar o não-familiar em familiar que criamos representações de inúmeros objetos, pessoas, acontecimentos ou ideias que nos cercam.
Com base nessas abordagens, o presente estudo tem como objetivo analisar as representações sociais e as socializações da empregada doméstica brasileira com base no filme Que horas ela volta?. Por meio da metodologia de análise fílmica, realizou-se uma reflexão à luz dos conceitos das Representações Sociais e da Construção Social da Realidade, sustentados por Moscovici e por Berger e Luckmann, respectivamente. Para a análise, foram criadas duas categorias: conflitos de classe e relações familiares.
A base teórica que sustentará este artigo aborda sobre a Teoria das Representações Sociais e sobre a Construção Social da Realidade. A Teoria das Representações sociais teve sua definição construída por Moscovici (1961/2012) após uma interpretação dos estudos de Durkheim e buscou compreender a realidade e como ela é construída através das representações e dos sujeitos. As concepções da Construção Social da Realidade abordam alguns aspectos da sociedade, como, por exemplo, a subjetividade e a formação de significados e foram desenvolvidas por Berger e Luckmann, em 1966.
Conforme Vanoye e Galiot-Lété (1994), a análise fílmica, método utilizado para atingir o objetivo da pesquisa, é feita por meio da decomposição dos elementos constitutivos do texto. Os autores ainda afirmam que a metodologia da análise fílmica está associada à desfragmentação e ao desmonte da obra pesquisada, seguido pela junção das partes separadas para a realização da análise. Para o tratamento dos dados, foi utilizada a análise do discurso de linha francesa, fundamentada por Charaudeau (1983), com esforço de criação de um modelo de múltiplas dimensões para a compreensão da realidade social
Observou-se que as personagens principais do filme, Val e Jéssica, materializam as socializações primária e secundária e possibilitam o esclarecimento de como essas socializações interiorizam a realidade do indivíduo na sociedade ou o leva para a transformação. Para analisar os conflitos de classe do filme, as cenas foram divididas em "Da cozinha para cá ou da cozinha para lá?", "Presente de aniversário" e "Escolha da faculdade". Já as relações familiares foram divididas em "Mãe é quem cria" e "Val é vovó"
O filme Que horas ela volta? é um exemplo para explicar as reflexões sobre os conflitos de classe e as relações familiares. Tudo isso no sentido de evidenciar como as representações sociais do sujeito e as construções sociais da realidade não se restringem ao mundo das empregadas domésticas, criticando as desigualdades da sociedade brasileira. A pesquisa realizada, além de elucidar os temas a que se propõe, deixa claro como a metodologia de análise fílmica pode ser aplicada como uma forma alternativa de estimular o entendimento de diferentes temas.
BERGUER, P. L.; LUCKMANN, T. A Construção Social da Realidade: Tratado de sociologia do conhecimento. Trad. Floriano Fernandes, 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1987. MOSCOVICI, S. Foreword. In: HERZLICH, C. Health and illness: a social psychological analysis. London: Academic Press, 1973. MOSCOVICI, S. A psicanálise, sua imagem e seu público. Tradução de Sônia Furhmann. Coleção Psicologia Social. Petrópolis: Vozes, 1961/2012. VANOYE, F.; GOLIOT-LÉTÉ, A. Ensaio sobre a análise fílmica. Trad. Marina Appenzeller. Campinas: Papirus, 1994.